Tempo de permanência no tratamento odontológico de pacientes da Unidade de Saúde Bucal do HUB, com neoplasia maligna

Abstract

Objetivo: Mensurar o tempo de permanência no tratamento odontológico realizado em pacientes com neoplasia maligna, na Unidade de Saúde Bucal do Hospital Universitário de Brasília – HUB por meio da análise de sobreviência; listar as principais motivações para procurar o atendimento odontológico, avaliar os motivos da alta clínica ou da ausência dela, descrever o perfil dos pacientes oncológicos que compareceram à Unidade de Saúde Bucal do HUB. Material e métodos: Os dados foram coletados dos prontuários dos pacientes oncológicos atendidos de 2009 até junho de 2013, num total de 255 prontuários. Destes, foram resgatados dados demográficos, características do tumor primário, dados relativos ao tratamento oncológico e odontológico, notações de hábitos como uso de tabaco e álcool foram sumarizados para posterior análise em 154 pacientes. O teste de análise de sobrevivência foi utilizado como ferramenta de análise estatística. O teste de análise de sobrevivência é um conjunto de técnicas estatísticas que tem como objetivo avaliar o tempo entre dois eventos (análise de sobrevivência). Neste estudo, os dois tempos se referiram às datas da primeira e da última consulta odontológica do paciente. Não foram consideradas as consultas intermediárias. Resultados: A análise dos dados revelou uma distribuição relativamente homogênea quanto ao gênero. Entre as mulheres o tipo de câncer mais comum foi o de mama, e entre os homens havia uma maior incidência de tumores na região de cabeça e pescoço. A faixa etária mais atingida foi a de 50-60 anos. A maioria era moradora das regiões do entorno e cidades satélites do DF. Os pacientes não apresentavam histórico de outras doenças sistêmicas além do câncer, mas o quadro hipertensivo estava presente em grande parte dos pacientes. Em relação aos hábitos de tabagismo e etilismo, metade dos pacientes relatou ter histórico de consumo. Na análise geral, aproximadamente 50% dos pacientes permanecem no tratamento odontológico por até ATÉ 200 dias. A análise de sobrevivência não mostrou nenhuma associação positiva entre o tempo de permanência e as variáveis pacientes fumantes, ex-fumantes, não fumantes. O mesmo foi encontrado para pacientes etilistas, ex-etilistas e não- etilistas. Também não houve diferença estatisticamente significativa para a análise do tempo de permanência com o gênero. Quando analisados separadamente pacientes etilistas e não etilistas, pareceu existir uma tendência de menor tempo de permanência no tratamento odontológico entre os etilistas. No entanto, o estudo falhou em identificar uma diferença estatisticamente significativa. A única variável que alterou, significantemente, a duração do tratamento odontológico foi o óbito (p<0,001). O motivo da procura por tratamento odontológico estava relacionado, em grande parte, à avaliação prévia ao tratamento radio e quimioterápico. Isso se deve ao fato de que há uma formalização de protocolos de referência e contra-referência entre o CACON e a Unidade de Saúde Bucal. Ainda, o projeto de extensão “Atendimento odontológico a pacientes com neoplasia maligna”, é referência no atendimento a estes pacientes na região do DF e entorno. Conclusão: Não foram encontradas significâncias entre o tempo de permanência no tratamento odontológico e as variáveis analisadas, exceto óbito. O longo tempo de permanência no tratamento odontológico da média dos pacientes pode ser um indicador de qualidade no acompanhamento multidisciplinar oferecido aos pacientes oncológicos no HUB.