Resumo: | concepção ontológica do gênero, derivada da naturalização de um sexo biológico material e
preexistente à linguagem, não encontra fundamentos dentro das demandas filosóficas
contemporâneas. A negação da substância no feminino e masculino, assim como a inclusão
dos outros no debate de gênero constituem imperativos para se pensar a prática da liberdade.
Neste contexto, a questão do poder e suas tecnologias de propagação integram o centro do
debate, na medida que identificados como determinantes nos processos de subjetivação.
Ademais, diante da instabilidade do sujeito, questiona-se a relevância e eficácia tanto do
direito e quanto do movimento feminista naquilo que se propõem: efetivação de liberdade.
Por fim, busca-se uma alternativa para processos de subjetivação derivados de práticas de
liberdade, contrapostas às práticas de sujeição. Nesse sentido, o cuidado de si e a noção da
vida como uma obra de arte revela um campo de possibilidades para limitação do poder
enquanto estética da existência. Arrisca-se assumir o desafio de transformar o conceito
abstrato de um corpo sexuado na materialidade pessoal do meu corpo sexuado – único e belo
por si só. ____________________________________________________________________________ ABSTRACT The ontological concept of the gender, derived from the naturalization of a material biological sex and which exists prior the language, finds no fundaments within contemporary philosophical demands. The denial of the substance in female and male concepts, as well as the inclusion of others in the gender debate is imperative to think about a practice of freedom.
In this context, the problem of the power and its propagation technologies form the heart of the debate, since those are identified as determinants in the processes of subjectivation. Furthermore, once attested the instability of the subject, it’s questioned the relevance and
effectiveness of both the legal system and the feminist movement regarding theirs objectives:
realization of freedom. Finally, we seek an alternative to subjectivation processes derived from practices of freedom, opposing the practices of subjection. In this sense, the care of the
self (le souci de soi) and the notion of life as a masterpiece reveal a field of possibilities for
limiting power, by aesthetics of existence. The risk is taking on the challenge to transform the abstract concept of a sexed body in my personal and material sexed body - unique and beautiful in itself. |