Resumo: | A vitamina A é uma vitamina lipossolúvel essencial para diversos processos fisiológicos, sendo o todo-trans e o 9-cis ácido retinoico suas formas mais ativas. A deficiência desta vitamina tem sido relacionada à anemia e ao acúmulo de ferro nos tecidos, além de modular genes envolvidos no metabolismo de ferro. Assim, o presente estudo teve como objetivo investigar o efeito do todo-trans ácido retinoico, como única forma de vitamina A na dieta, no metabolismo de ferro em ratos. Dezoito ratos Wistar machos foram tratados com três dietas: AIN-93G controle (CT); AIN-93G isenta de vitamina A (-VA); e AIN-93G isenta de vitamina + 12 mg de todo-trans ácido retinoico/kg de dieta (atRA). Após 59 dias, os ratos foram sacrificados; fígado, baço, coração e intestino foram removidos e armazenados a -70 °C para análises. A concentração de retinol hepático foi determinada por cromatografia líquida de alta eficiência e a concentração de ferro nos tecidos por espectrometria de emissão atômica. Os níveis de mRNA para Rara, Rxrb, Fpn1, Dmt1, Hamp e Epo foram determinados por qRT-PCR. IL-1β e IL-6 séricas foram quantificadas por ensaio imunoenzimático. O teste t-student para análises independentes foi utilizado para a comparação entre os grupos (p < 0,05). Houve menor ganho de peso nos grupos -VA e atRA, apesar do mesmo consumo de dieta, sugerindo que alterações sensoriais não são a principal causa nesse contexto. Não foi detectado retinol hepático nos animais -VA e atRA. O grupo -VA apresentou aumento em IL-1β e IL- 6 e menor expressão de Epo e Rara, sugerindo um estado de eritropoiese ineficaz que explicaria o acúmulo de ferro no baço com a secreção de GDF-15 ou TWSG-1; a menor expressão de Hamp no grupo -VA também seria decorrente da eritropoiese ineficaz, já no grupo atRA seria uma resposta ao tratamento. O todo-trans ácido retinoico foi capaz de aumentar a expressão de Rara, manter a de Epo e reduzir a concentração de ferro esplênico. Sugere-se que o maior teor de ferro no fígado dos animais atRA seja devido à captação do ferro exportado pelo intestino. A menor concentração de ferro no intestino dos animais atRA, apesar da redução em Fpn1, pode ser devido à isoforma Fpn1b. Conclui-se que o todo-trans ácido retinoico influencia processos de homeostase e utilização do ferro pela regulação de genes envolvidos no metabolismo de ferro. |