Panorama dos casos de toxoplasmose congênita no Brasil entre 2019 e 2023

Abstract

Introdução. A toxoplasmose, causada pelo Toxoplasma gondii, é uma infecção de alta prevalência no Brasil, atingindo até 83% das mulheres em idade fértil. Embora assintomática na maioria dos casos, pode ser transmitida da gestante para o feto, resultando em lesões neurológicas, oculares e até óbito fetal. Recém-nascidos acometidos podem apresentar sintomas inespecíficos, como febre e visceromegalias, além de risco de sequelas a longo prazo, como déficit cognitivo e atraso no desenvolvimento. Objetivos. Analisar a epidemiologia da toxoplasmose congênita no Brasil em 2019 e 2023, considerando dados regionais e estaduais, incluindo o Distrito Federal, e compará-los com estatísticas internacionais. Métodos. Trata-se de um estudo epidemiológico, quantitativo, descritivo e retrospectivo, baseado em dados do Sistema de informações de Agravos e Notificações (SINAN) sobre toxoplasmose congênita no Brasil (2019-2023). A pesquisa quantifica informações para análise objetiva, considerando notificações por estado e região, além da evolução dos casos (cura ou óbito). Também foi realizada uma correlação com o número de nascidos vivos para avaliar a prevalência da doença e compará-la a dados internacionais. Resultados. Entre 2019 e 2023, foram registrados 20.968 casos suspeitos de toxoplasmose congênita no Brasil, com 12.148 (57%) confirmados. As notificações aumentaram anualmente, sendo a Região Sudeste a mais afetada. A prevalência nacional foi de 9 casos a cada 10.000 nascidos vivos, com a maior taxa no Centro Oeste (14/10.000) e a menor no Norte (6/10.000). Dos casos confirmados, 75% evoluíram para cura e 134 óbitos foram registrados. A maioria dos afetados eram pardos (49,8%), e 159 casos ocorreram entre indígenas, principalmente no Acre e Tocantins. Conclusão. A pesquisa evidencia que o Brasil ainda apresenta uma taxa elevada de casos anuais de toxoplasmose congênita, especialmente quando comparado a países em desenvolvimento, destacando a necessidade urgente de políticas públicas que incentivem a realização de triagem pré-natal para o diagnóstico precoce da doença, a fim de iniciar o tratamento adequado o mais rapidamente possível, com o objetivo de minimizar as sequelas e reduzir o impacto na vida das crianças afetadas e seus cuidadores, além de garantir a notificação de todos os casos para um melhor controle e manejo da doença.