| Título: | Prevalência da sífilis gestacional e neonatal na maternidade do HUB |
| Autor(es): | Urani, Lécia Benaia Gonçalves Abreu |
| Orientador(es): | Costa, Karina Nascimento |
| Assunto: | Sífilis Gravidez Pré-natal Recém-nascidos Hospital Universitário de Brasília (HUB) |
| Data de apresentação: | 27-Jan-2025 |
| Data de publicação: | 26-Nov-2025 |
| Referência: | URANI, Lécia Benaia Gonçalves Abreu. Prevalência da sífilis gestacional e neonatal na maternidade do HUB. 2025. 60 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Pediatria) — Universidade de Brasília, Brasília, 2025. |
| Resumo: | A sífilis é uma Infecção Sexual Transmissível (IST) de alta prevalência no Brasil, cujo risco de
transmissão vertical está associado a significativos danos fetais, além de terem manejo
comprovadamente eficaz na prevenção da transmissão materno-fetal oferecido e protocolado
pelo SUS. Nesse contexto, preconiza-se o rastreamento pré-natal dessa enfermidade por meio
do oferecimento de testes rápidos às gestantes, visando diagnóstico precoce e prevenção da
transmissão em caso de resultado positivo.
Objetivos: Tendo em vista que o atendimento de qualidade à mulher e o correto manejo clínico
das IST’s na gestação são essenciais para a erradicação dessa doença, o presente estudo tem
como objetivo determinar a prevalência de sífilis em gestantes atendidas no Hospital
Universitário de Brasília (HUB), de modo a avaliar aspectos relacionados ao rastreamento pré natal, ao tratamento da gestante e ao reflexo dessas variáveis na evolução clínica dos neonatos.
A evolução foi avaliada através da análise dos dados no período de internação na maternidade
e no atendimento do ambulatório de puericultura.
Metodologia: Trata-se de um estudo retrospectivo, transversal e descritivo analítico, baseado
na análise de dados colhidos de prontuários de puérperas e neonatos admitidos na maternidade
do Hospital Universitário de Brasília no período de janeiro de 2021 a janeiro de 2023. Foram
incluídas díades puérperas/recém-nascidos, sendo mães que foram consideradas como portadoras
de sífilis gestacional por apresentarem teste treponêmico positivo na ausência de histórico de
sífilis em período não gestacional, teste treponêmico positivo confirmado com realização de
teste não treponêmico, teste não treponêmico positivo confirmado com a realização de teste
treponêmico e/ou teste rápido positivo durante a gestação, incluindo o momento do parto. A
pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências da Saúde da
Universidade de Brasília sob o número CAAE: 40814320.0.0000.0030. Os dados foram
armazenados em planilha Excel e posteriormente analisados. Para descrever a distribuição de
dados do total da amostra e analisá-los, foi utilizado o teste de Independência – Qui-quadrado.
Foi considerado significante um valor de p< 0,05.
Resultados: A amostra foi composta por informações coletadas de 92 prontuários de gestantes
e recém-nascidos. Os RN foram divididos em dois grupos: RN que foram expostos a sífilis e os
que tiveram sífilis congênita. No período do estudo de Janeiro de 2021 a Janeiro de 2023
nasceram 4195 RN, sendo que desses, 52 foram expostos a sífilis e 40 tiveram sífilis congênita,
totalizando uma prevalência 1,23% de RN expostos a sífilis e uma prevalência de 0,95 % de
sífilis congênita neste período. Observamos que não houve diferença quanto ao número de
consultas no pré-natal entre o grupo de RN expostos e os com sífilis congênita, mas o grupo de
RN com sífilis congênita teve mais mães que iniciaram o pré- natal no 3ª trimestre.Quanto ao
tratamento da sífilis gestacional a maioria das mães recebeu tratamento sífilis latente tardia.
Observamos que houve mais tratamento inadequado entre mães mais jovens (menores de 25
anos) p=0,021. Entre as gestantes do grupo de mães de RN com sífilis congênita a minoria
finalizou o tratamento pelo menos 30 dias antes do parto. Quanto aos neonatos, a maioria era a
termo e adequados para a idade gestacional, mesmo entre aqueles incluídos no grupo de mães
inadequadamente tratadas. Sobre o VDRL a maioria dos neonatos apresentou titulação abaixo
de 1:4 e apenas um neonato teve neurosífilis. Um dado preocupante é que 53,8% entre o RN
expostos a sífilis e 40% entre os neonatos com sífilis congênita não retornaram ao ambulatório
do HUB para realizar o seguimento ambulatorial. Após a alta da Maternidade uma criança foi
reinternada para retratamento por apresentar aumento na titulação do VDRL durante
seguimento ambulatorial. De forma preocupante somente 23,1% dos neonatos expostos a sífilis e 33,3% dos neonatos com sífilis congênita preencheram os critérios para receber alta da
infectologia, pois a maioria das crianças abandonou o seguimento. Outro aspecto significante é
que a maioria das crianças em ambos o grupo não tem registro da realização de potencial
auditivo e de fundoscopia. Observou-se que o local registrado de residência não se
correlacionou com a manutenção do seguimento ambulatorial dos neonatos
Conclusão: Concluimos que mães com tratamento inadequado de sífilis gestacional iniciaram
o pré-natal mais tardiamente e eram mais jovens. Apesar dos diagnósticos da sífilis de algumas
gestantes não terem sido realizados em tempo oportuno e de não terem sido tratadas de maneira
adequadas, seja pela falta da adesão ou falhas na aplicação de todas as doses de penicilina
benzatina, o mesmo não aconteceu com as crianças que foram infectadas. O diagnóstico foi
realizado logo após o nascimento e todos receberam tratamentos, conforme o esquema
padronizado. Por outro lado, observamos um número significante de não retorno e abandono
do seguimento ambulatorial desses neonatos. A distância entre a residência e o serviço de saúde
podem ter influenciado a continuidade do seguimento, embora não tenhamos observado
correlação entre local de residência a abandono do seguimento. |
| Abstract: | Syphilis is a highly prevalent sexually transmitted infection (STI) in Brazil, with a risk of
vertical transmission associated with significant fetal harm. In addition, the SUS has proven
effective management in preventing mother-to-child transmission. In this context, prenatal
screening for this disease is recommended by offering rapid tests to pregnant women, aiming
at early diagnosis and prevention of transmission in the event of a positive result.
Objectives: Considering that quality care for women and correct clinical management of STIs
during pregnancy are essential for the eradication of this disease, the present study aims to
determine the prevalence of syphilis in pregnant women treated at the University Hospital of
Brasília (HUB) at the time of delivery, in order to assess aspects related to prenatal screening,
treatment of pregnant women and the impact of these variables on the clinical evolution of
newborns. The evolution was assessed through the analysis of data during the period of
hospitalization in the maternity ward and in the childcare outpatient clinic. Methodology: This
is a retrospective, cross-sectional, descriptive, analytical study based on the analysis of data
collected from medical records of postpartum women and newborns admitted to the maternity
ward of the University Hospital of Brasília from January 2021 to January 2023. The study
included postpartum/newborn dyads, mothers who were considered to have gestational syphilis
because they had a positive treponemal test in the absence of a history of syphilis in the non gestational period, a positive treponemal test confirmed with a non-treponemal test, a positive
non-treponemal test confirmed with a treponemal test, and/or a positive rapid test during
pregnancy, including the time of delivery. The research was approved by the Research Ethics
Committee of the Faculty of Health Sciences of the University of Brasília under number CAAE:
40814320.0.0000.0030. The data were stored in an Excel spreadsheet and later analyzed. The
Chi-square test of independence was used to describe the data distribution of the total sample
and analyze them. A p-value <0.05 was considered significant.
Results: The sample consisted of information collected from 92 medical records of pregnant
women and newborns. The newborns were divided into two groups: newborns who were
exposed to syphilis and those who had congenital syphilis. During the study period from
January 2021 to January 2023, 4,195 newborns were born, of which 52 were exposed to syphilis
and 40 had congenital syphilis, totaling a prevalence of 1.23% of newborns exposed to syphilis
and a prevalence of 0.95% of congenital syphilis. We observed that there was no difference in
the number of prenatal consultations between the group of exposed newborns and those with
congenital syphilis, but the group of newborns with congenital syphilis had more mothers who
started prenatal care in the 3rd trimester. Regarding the treatment of gestational syphilis, most
mothers received treatment for late latent syphilis. We observed that there was more inadequate
treatment among younger mothers (under 25 years old) p=0.021. Among the pregnant women
in the group of mothers of newborns with congenital syphilis, the minority completed the
treatment at least 30 days before delivery. As for the newborns, the majority were full-term and
appropriate for gestational age, even among those included in the group of inadequately treated
mothers. Regarding the VDRL, most newborns had a titer below 1:4 and only one newborn had
neurosyphilis. A worrying fact is that 53.8% of the newborns exposed to syphilis and 40% of
the newborns with congenital syphilis did not return to the HUB outpatient clinic for outpatient
follow-up. After discharge from the Maternity Hospital, one child was readmitted for
retreatment due to an increase in VDRL titer during outpatient follow-up. Worryingly, only
23.1% of the newborns exposed to syphilis and 33.3% of the newborns with congenital syphilis
met the criteria for discharge from the infectious disease department, since most of the children
abandoned follow-up. Another significant aspect is that most children in both groups did not
have a record of having their hearing potential tested or fundoscopy performed. It was observed that the registered place of residence did not correlate with the maintenance of outpatient
follow-up of newborns
Conclusion: We concluded that mothers with inadequate treatment for gestational syphilis
started prenatal care later and were younger. Although syphilis diagnoses were not performed
in a timely manner in some pregnant women and they were not treated appropriately, either due
to lack of adherence or failure to administer all doses of benzathine penicillin, the same did not
happen with the children who were infected. The diagnosis was made soon after birth and all
received treatment according to the standardized regimen. On the other hand, we observed a
significant number of non-returns and abandonment of outpatient follow-up of these neonates.
The distance between residence and the health service may have influenced the continuity of
follow-up, although we did not observe a correlation between place of residence and
abandonment of follow-up. |
| Informações adicionais: | Trabalho de Conclusão de Curso (especialização) — Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Programa de Residência Médica HUB/UnB, Curso de Especialização em Residência Médica - Pediatria, 2025. |
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| Aparece na Coleção: | Residência Médica de Pediatria
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