Avaliação dos resultados da bacterioscopia realizada durante atendimento ambulatorial no HUB para diagnóstico de pacientes com vulvovaginites

Abstract

Introdução: As vulvovaginites são uma das principais queixas em consultas ginecológicas, sendo uma condição de saúde que impacta negativamente a qualidade de vida das mulheres. Geralmente, surgem em um contexto de disbiose vaginal, favorecendo o desenvolvimento de diversas doenças, como vaginose bacteriana, candidíase vulvovaginal, vaginite citolítica, vaginite aeróbica, vaginite inflamatória descamativa e até mesmo formas mistas de vaginite. O diagnóstico pode ser desafiador quando baseado apenas nos sinais e sintomas, devido à significativa sobreposição entre essas condições e à possibilidade de infecções assintomáticas. Objetivo: Avaliar o conteúdo vaginal por microscopia utilizando a coloração de Gram realizada durante o atendimento de pacientes com vulvovaginites; correlacionar os achados microscópicos com os sinais clínicos e sintomas da candidíase vulvovaginal e vaginose bacteriana; avaliar a prevalência das diferentes entidades clínicas relacionadas às vulvovaginites; analisar possíveis infecções mistas. Materiais e métodos: Estudo transversal descritivo com os resultados de exames de microscopia utilizando coloração de Gram e dados dos prontuários de pacientes atendidas no ambulatório de Patologias Vulvares e Vaginais e Infecções Recorrentes em Ginecologia do Hospital Universitário de Brasília. durante o período 01 de agosto de 2018 a 31 de dezembro de 2023. Resultados: Foram analisadas 204 (duzentas e quatro) amostras de conteúdo vaginal de mulheres atendidas em ambulatório especializado. Entre as amostras analisadas, foram identificadas as seguintes prevalências: 29,9% de candidíase vulvovaginal (CVV), 29,4% de vaginite mista (VM), 14,7% de vaginose bacteriana (VB), 12,7% de microbiota vaginal diversa, 6,4% de disbiose vaginal, 5,4% de vaginite citolítica (VC) e 1,5% de microbiota vaginal normal. O sintoma mais frequentemente relatado nas vulvovaginites, de forma geral, foi o prurido genital (50,9%). Entre as amostras classificadas como CVV, o prurido também foi o sintoma predominante, presente em 47,6% dos casos, embora seu valor preditivo positivo tenha sido de apenas 46,8%. Nos casos de VB, o mau odor foi o sintoma menos relatado (20,7%), com um valor preditivo positivo de 16,9%. Além disso, observou-se uma presença expressiva de leucócitos em lâminas de VB (44,8%). Conclusão: A avaliação do conteúdo vaginal por microscopia utilizando a coloração de Gram se mostrou valiosa no diagnóstico das vulvovaginites e permitiu conhecer suas prevalências, inclusive das infecções mistas, além de demonstrar como os sintomas classicamente associados à VB e à CVV na prática clínica possuem um baixo valor preditivo positivo.