Gênero e sexualidade em tempos de pânico moral : uma análise dos desafios docentes em Sociologia nos ambientes escolares da Região Centro-Oeste

Abstract

Este trabalho tem por objetivo a análise dos desdobramentos do atual contexto de “pânico moral” e os desafios impostos aos docentes em Sociologia no ensino de gênero e sexualidade frente à mobilização dos diferentes grupos conservadores que afetam o ambiente escolar na região Centro-Oeste. Para tal, a pesquisa foi dividida em três capítulos, iniciando com uma apresentação do contexto histórico em torno da temática com enfoque nos marcos relacionados aos documentos curriculares, posteriormente foi realizada uma investigação de como o debate em torno de gênero e sexualidade tem sido elaborado nas Ciências Sociais, com foco na análise do conceito de “pânico moral”, fundamental para entender a dinâmica a qual a temática está submetida, no terceiro e último capítulo, a fim de entender a perspectiva docente diante do atual momento, foram recolhidos dados de entrevistas de professores da região Centro-Oeste, foram recolhidas ao todo dez entrevistas, sendo cinco de mulheres e cinco de homens. O presente trabalho irá abordar também a trajetória desse atual contexto de “pânico moral” vivenciado no Brasil, caracterizado pela existência de um discurso de que a sociedade está constantemente ameaçada por uma suposta “ideologia de gênero” em diálogo direto com autores nacionais e internacionais. Por meio da utilização da técnica de análise de conteúdo proposta por Laurence Bardin, foi possível apontar para o fato de que os desafios do ensino de gênero e sexualidade na disciplina de Sociologia, giram em torno de questões como: a relação desgastada e conflituosa dos diferentes agentes que compõe o ambiente escolar; o medo da perseguição e o silenciamento diante de temáticas consideradas polêmicas; a falta de preparo teórico na licenciatura para realizar as abordagens em sala de aula. Apesar dos desafios atrelados a um momento conturbado que tem atingido, sobretudo, as sociedades ocidentais, alguns relatos parecem também apontar caminhos para uma escola em que gênero e sexualidade seja passível de reflexão e discussão.