“Para que se apanhe a flor viva”: natureza, ambiente e ensino de Ciências Naturais na Base Nacional Comum Curricular e no Currículo em Movimento do Distrito Federal

Abstract

O presente trabalho tem como objetivo central analisar as perspectivas teóricas, formativas e políticas de natureza e ambiente imbricadas na educação científica proposta pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e pelo Currículo em Movimento do Distrito Federal (CMDF) — Ensino Fundamental Anos Finais, e de que maneira essas perspectivas dão subsídios para o enfrentamento real do colapso ambiental. Tendo como referencial teórico-metodológico o Materialismo Histórico-Dialético (MHD), a investigação não se limitou à mera análise textual dos documentos, mas a reconstrução histórica da rede de relações entre ciência, tecnologia, capitalismo e natureza (rede CTCN) e como essa rede se materializa na elaboração de documentos oficiais da educação como a BNCC e o CMDF, que têm como suposto pressuposto teórico a Educação CTS/CTSA. Como síntese, identificamos que ambos os documentos, gestados e em pleno desenvolvimento do capitalismo neoliberal, reproduzem e legitimam a hegemonia capitalista, promovendo uma formação para o mundo do trabalho e para a formação técnica baseada na solução de problemas, compreendendo ciência e tecnologia como entidades autônomas e apartadas da sociedade e preservam a aparente cisão entre sociedade e natureza, de tal forma que não apresentam subsídios robustos para inspirar e fundamentar ações educacionais para a superação real e concreta do colapso ambiental.