A aplicabilidade do conceito de “reis-filósofos” no contexto brasileiro

Abstract

Esta monografia se ateve a estudar a possibilidade da aplicação do sistema político-educacional proposto pelo filósofo grego Platão à conjuntura política brasileira atual. À vista disso, procurou-se elucidar a conceituação platônica sobre o que é um “filósofo” e o que é propriamente a “filosofia” da qual a obra se refere, além também de esclarecer o processo de formação do “rei filósofo” disposto na obra “A República” e analisar a sua aplicabilidade e as suas devidas adaptações à conjuntura política brasileira. Dessa maneira, este trabalho se ocupou em lançar mão da análise de notícias produzidas por grandes veículos de comunicação, de artigos acadêmicos, da Constituição, de matérias produzidas por websites especializados em Direito e Política, de periódicos, de revistas e livros acadêmicos, além de obras clássicas. Nesse sentido, na análise que se efetuou, observaram-se diversos fatores, como: a dificuldade de ajustamento entre a diversidade étnico-cultural e política brasileira e da rigidez do sistema educacional platônico; a essência problemática elitista da proposta, em função da sua base enraizada na seleção de um grupo dos “melhores”; a difícil legitimação social e política do sistema proposto, além da resistência da própria classe política, das legendas partidárias e dos demais indivíduos beneficiados pelo atual sistema político; e por último, a heterogeneidade de concepções éticas e morais acerca da definição de um bom governante, o que varia de acordo com a temporalidade e espacialidade em questão. Esses resultados obtidos culminaram na conclusão de que o sistema político platônico não é aplicável no contexto brasileiro, uma vez que este último apresenta diversos entraves e dinâmicas únicas que impedem a operacionalização do modelo ideal grego de forma cabal e efetiva