Análise do ph e tamponamento salivar em pacientes com desgaste dental não carioso

Abstract

Introdução: O desgaste dental não carioso é caracterizado pela perda de estrutura dentária sem a participação de ácidos oriundos da atividade microbiana, estando frequentemente associado às lesões cervicais não cariosas (LCNCs) e à hipersensibilidade dentinária (HD). A biocorrosão é apontada como o principal fator de enfraquecimento cervical, sendo a saliva considerada um potencial agente protetor frente a desafios ácidos. Objetivo: Analisar a capacidade de tamponamento e o pH da saliva em pacientes com desgaste dental não carioso. Metodologia: Foram recrutados 31 pacientes, submetidos a exame clínico com aplicação do índice Basic Erosive Wear Examination (BEWE), avaliação da presença e morfologia das LCNCs e classificação da intensidade de dor da HD. A saliva estimulada foi coletada para análise do pH e da capacidade tampão. Os dados foram analisados por testes estatísticos apropriados (ANOVA, Spearman), com nível de significância de 5%. Resultados: A prevalência observada foi de 83,87% para LCNCs e 87,10% para HD, sendo predominantemente classificada como de intensidade de dor “Grave” (51,61%). O pH salivar médio foi de 7,35 ± 0,66, e a capacidade tampão apresentou média de 3,56 ± 1,49, indicando baixa efetividade. Houve associação estatisticamente significativa entre o pH salivar e a intensidade de dor da HD (p = 0,002), com valores mais elevados no grupo com dor moderada. Não foram encontradas associações significativas com a capacidade tampão. Conclusão: O pH salivar mostrou-se significativamente mais elevado em pacientes com HD moderada, sugerindo possível resposta compensatória frente a biocorrosão. No entanto, a ausência de outras associações relevantes ressalta a necessidade de investigações longitudinais mais amplas para elucidar os mecanismos salivares na proteção contra o desgaste dental não carioso.