Parque Ecológico das Sucupiras : estudo de caso

Abstract

O objetivo deste trabalho foi relatar as etapas de criação de um parque ecológico em área remanescente de cerrado na Região Administrativa Sudoeste/Octogonal, DF, próxima de monumentos e lugares históricos da cidade muito visitados por turistas, para identificar impactos ambientais instalados na área, analisar inter-relações dos atores sociais envolvidos com a questão e propor ações de revitalização das zonas degradadas para usufruto da população local. Percebeu-se que, além do desarranjo ambiental causada por resíduos depositados por “oficineiros”, moradores e carroceiros ao longo dos anos, havia grupos de catadores que lá moravam e insistiam nas atividades de seleção de lixo reciclável, no meio da mata. Esse era o principal problema a ser enfrentado pelo grupo que luta pela sua preservação. Essa situação ampliou sobremaneira os horizontes da pesquisa que procurou analisar também as questões sociais que tal prática envolvia. Para coletar e produzir informações recorreu-se à literatura especializada, entrevistas, e-mail, artigos e reportagens veiculadas em jornais e outras mídias onde o parque tenha sido notícia. Outros dados foram produzidos a partir de observações dos fenômenos que lá ocorreram, anotados, fotografados e descritos ao longo dessa narrativa. Nesse contexto, antigos moradores constituíram a Associação Parque Ecológico das Sucupiras que passou a coordenar todas as demais ações realizando mutirões de limpeza e recomposição da vegetação, e negociando objetivos junto ao poder público e sociedade organizada. Logo, a idéia se trans formou em projeto apresentado à Câmara Legislativa do DF. Esses fatos encontraram eco na mídia especializada e ajudaram a sensibilizar parcelas da população pouco envolvidas com questões ambientais e com o parque. As dificuldades atuais do movimento se referem às restrições impostas à poligonal de tombamento do patrimônio cultural (Unesco, 1987) onde se insere o parque e na persistência do grupo de catadores ainda hoje em atividade no local. Têm-se buscado entre parlamentares e organizações não governamentais, apoio técnico e político para as negociações dessas questões com o poder público. Revelou-se ao fim do trabalho uma teia de agentes, com atuação local e nacional, que ajudaram a dar visibilidade e entendimento sobre temáticas sócio-político-ambientais que envolvem as Unidades de Conservação, o poder público, degradação ambiental, os catadores de lixo, desorganização urbana, desgoverno e mobilização social.