Considerações sobre a construção do valor sócio-identitário da variedade linguística urbana de adolescentes no contexto sociolinguístico dos bairros multilíngues e multiétnicos de Oslo

Abstract

A partir da imigração crescente à Noruega desde a década de 80, desenvolveu-se uma nova variedade linguística utilizada, principalmente, por adolescentes nos bairros multilíngues e multiétnicos de Oslo, marcada por empréstimos de línguas não europeias. O presente trabalho tem como objetivo compreender como o valor sócio identitário desta variedade é construído no contexto sociolinguístico da capital norueguesa, com base i) nos estudos de Heike Wiese (2016), Sarah Harchaoui (2014) e Bente Ailin Svendsen (2014) sobre variedades urbanas multiétnicas da Europa e, mais especificamente, da Noruega; ii) nas teorias sociolinguísticas de Louis-Jean Calvet (2002), William Labov (2008) e Pierre Bourdieu (2008) e iii) com o apoio teórico de Clarice Corbari (2013). Considerou-se que a Noruega, assim como outros países europeus, é permeada por uma ideologia monolíngue que rejeita o uso de línguas e variedades minoritárias, especialmente quando têm origem imigratória, possivelmente devido à xenofobia. No contexto de Oslo, há um conflito discursivo em que o grupo dominante defende o uso da língua padrão e associa o uso da variedade urbana multiétnica a jovens de origem imigratória e ao desemprego. Em contrapartida, os falantes desta variedade pretendem institucionalizá-la, defendendo-a como uma forma legítima de se falar norueguês e como um símbolo da identidade urbana dos jovens dos bairros multiétnicos de Oslo.