Saúde oral da gestante e o Modelo de Crenças : uma revisão de escopo

Abstract

Introdução: As gestantes, devido a alterações sistêmicas e comportamentais, e aos fatores socioeconômicos e culturais, são suscetíveis às doenças bucais. As intervenções educativas fundamentadas no Modelo de Crenças em Saúde (MCS) têm sido eficazes na promoção de comportamentos preventivos, mediante análise das percepções de suscetibilidade, severidade, benefícios, barreiras, autoeficácia e estímulos para ação. Objetivos: Realizar uma revisão de escopo acerca da aplicação do MCS na Odontologia, com foco na saúde oral de gestantes, a fim de identificar lacunas de conhecimento, analisar o envolvimento dos aspectos socioeconômicos e fornecer embasamento teórico para futuras diretrizes nacionais. Metodologia: Definição da estratégia PCC (População, Conceito, Contexto), pergunta de pesquisa e palavras-chave. Foi seguido o protocolo PRISMA-ScR. As buscas foram realizadas nas bases Pubmed, LILACS, Embase, Scopus e Google Scholar, com vocabulário controlado (DECS), combinado por operadores booleanos “OR” e “AND”. Foi utilizado o gerenciador de referências Mendeley para organização dos achados. Critérios de inclusão: todos os estudos disponíveis acerca da saúde oral de gestantes e da utilização do MCS, em inglês, espanhol e português. Resultados: Os dezessete estudos incluídos (n=17) foram realizados de 2013 a 2024, no Irã, Brasil, Egito, Reino Unido e Tailândia. Predominaram os estudos experimentais (n=9), seguidos dos observacionais transversais (n=3) e qualitativos (n=3), um misto (n=1) e uma revisão de escopo (n=1). A faixa etária das gestantes variou de 15 a 46 anos e o período gestacional de 1 a 48 semanas. A maioria das participantes possuía ensino médio, eram domésticas, com renda familiar moderada e presença de seguro de saúde. Os estudos sugerem que a utilização do MCS em intervenções educativas é eficaz em incentivar práticas saudáveis e maior regularidade nas consultas, o que resultou em melhoria dos indicadores CPOD, IHO-S e IPC. Conclusões: É necessário que existam intervenções baseadas nos conhecimentos sociocomportamentais na Odontologia, especialmente aquelas voltadas para as gestantes. Conduto, ainda existe uma grande escassez de dados e estudos acerca desse tema. Os aspectos socioeconômicos limitam a adesão às ações preventivas, portanto, devem ser mais investigados. O MCS é considerado uma ferramenta eficaz na promoção de mudanças comportamentais, mas requer uma metodologia uniforme, extensão da avaliação a longo prazo e enfoque em outras condições orais.