Variações no consumo de medicamentos sujeitos a controle especial em uma unidade básica de saúde do Distrito Federal : há influência da pandemia?

Abstract

Introdução: A pandemia de COVID-19 trouxe necessidade de ajustes e adequações em várias esferas, desde a comportamental até a normativa com grandes reflexos em termos de saúde pública. Objetivo: Comparar consumos médios mensais (CMM) de medicamentos de controle especial das listas da portaria 344/1998 antes e durante a pandemia em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do Distrito Federal. Métodos: Os consumos foram obtidos pelo sistema de gestão de estoques local e o CMM (±Desvio Padrão (DP)) calculado sem os meses em desabastecimento considerando 2020 a 2022 e, como parâmetro comparativo, foi utilizado o CMM±DP de 2019, sendo considerada uma variação importante aquela superior a um DP. Resultados: Foram analisados os consumos de 19 medicamentos, totalizando 32 itens diferentes (formas farmacêuticas e/ou concentrações diversas), a maioria dos medicamentos era antiepiléticos (N=10; 31,2%), antidepressivos (N=10; 31,2%) e antipsicóticos (N=8; 25,0%). Notou-se que mais da metade dos medicamentos analisados (n=18; 56,3%) mantiveram aumento do consumo ao longo dos anos da pandemia, com destaque à carbamazepina 100/5ml, carbonato de lítio 300mg, clonazepam 20mg, diazepam 5mg, fluoxetina 20mg, levomepromazina 100mg e 40mg/mL e valproato de sódio 250mg e 500mg. Os dados corroboram a literatura quanto ao aumento de consumo desses medicamentos como reflexo da complexidade de mudanças e adaptações exigidas na pandemia e remontam a necessidade de monitoramento do aumento de demanda de medicamentos por parte do farmacêutico na perspectiva gerencial, a qual deve ser complementada com uma visão sobre racionalidade e segurança na utilização dessas tecnologias em saúde. Conclusão: Houve variação importante no consumo de medicamentos sujeitos a controle especial na UBS ao longo da pandemia. Os resultados traduzem um aumento de demanda e consumo desses medicamentos mesmo com a dificuldade de consultas e obtenção de novas prescrições médicas e remontam a necessidade de monitoramento do seu uso para além da perspectiva gerencial, de modo que, além de garantia do seu acesso, deve-se considerar a racionalidade e segurança no seu uso no contexto dos serviços farmacêuticos.