A ferida e a cicatriz : escrita da dor e da memória em fundo falso

Abstract

O objetivo deste artigo é analisar o uso da dor e da memória como método de escrita poética da autora mineira Mônica de Aquino. Utilizando de um panorama histórico sobre a escrita e sua relação primordial com a memória, dos conceitos de Michel Foucault e de Friedrich Nietzsche, o artigo propõe a designação das marcas dessas relações que aparecem em diferentes obras da autora, mas que ganham maior força no livro de Aquino, Fundo Falso, como cicatrizes e do ato de escrever por essas dores como abrir feridas, sendo esse segundo tópico inspirado pelas reflexões da teórica chicana Glória Anzaldúa sobre escrita. Conhecida por seu apreço pela desconstrução e pelo corte, as cicatrizes dos textos de Aquino tomam forma nesse artigo pela pontuação de seus poemas e pela utilização do enjambement, tornando sua análise necessária para a compreensão das dores e feridas representadas em seus textos não como forma de registro ou de manifestação de um sofrimento exacerbado, mas sim como um método de aprender sobre o afeto e outras questões humanas.