Perfil epidemiológico, clínico e desfecho de pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário de Brasília com infecção de corrente sanguínea por bactérias Gram negativas em 2021 e 2022

Abstract

As infecções bacterianas, especialmente as causadas por bactérias Gram-negativas, representam um desafio significativo para a saúde pública global devido à resistência aos antibióticos e à gravidade das infecções associadas. Estima-se que em 2050 teremos 10 milhões de mortes causadas por bactérias multirresistentes. O objetivo do estudo foi conhecer o perfil dos pacientes que tiveram infecção de corrente sanguínea por bacilos Gram-negativos na Unidade de Terapia Intensiva Adulto do Hospital Universitário de Brasília, nos anos de 2021 e 2022.O estudo foi de caráter observacional, descritivo e analítico. Foram analisados retrospectivamente os dados de todos os pacientes internados na UTI do hospital durante o período de 01 de janeiro de 2021 a 31 de dezembro de 2022, com infecção de corrente sanguínea por bactérias Gram-negativas. Os dados foram obtidos a partir dos prontuários eletrônicos e dos resultados de hemoculturas disponibilizados pelo laboratório. A análise estatística incluiu medidas descritivas, testes de hipóteses e análise de associação entre variáveis. O nível de significância adotado foi de 5%. Observou-se uma alta taxa de mortalidade entre os pacientes, sendo que o SOFA elevado e o uso de cateter venoso central estão relacionados com piores desfechos. A maioria das infecções foi adquirida no ambiente hospitalar. Os principais agentes patogênicos identificados foram: Acinetobacter baumannii, Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli, todos apresentando alta resistência aos antimicrobianos, incluindo carbapenêmicos com taxa de 64 a 87%. Apenas um isolado foi testado para sensibilidade à polimixina B. E a infecção mais prevalente foi pulmonar. Houve uma taxa elevada de contaminação das hemoculturas.Conhecendo o perfil demográfico, microbiológico e os fatores de risco relacionados ao óbito, ressaltamos a necessidade de padronização de novos antibióticos, implementação de medidas de prevenção de infecção e o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas, que são essenciais para enfrentar esse desafio crescente de resistência antimicrobiana e melhorar os desfechos clínicos dos pacientes.