Exames laboratoriais como preditores de prognóstico em gambás-de-orelha-branca (Didelphis albiventris) com lesões traumáticas

Abstract

Os gambás-de-orelha-branca (Didelphis albiventris) são comumente encontrados em regiões periurbanas, por isso, são susceptíveis a traumas devido à interação com animais domésticos, seres humanos e veículos. Diante desse cenário, são recebidos muitos indivíduos dessa espécie pelos órgãos ambientais do país, com diversos tipos de lesões, sobretudo de origem traumática. O objetivo deste trabalho foi avaliar resultados de exames laboratoriais como preditores de prognóstico em D. albiventris, adultos, vítimas de traumas, a partir de um estudo retrospectivo de casos atendidos no Setor de Animais Silvestres do HVet-UnB de julho de 2013 a junho de 2023. No total, foram selecionadas fichas clínicas de 61 D. albiventris adultos, sendo que 31 receberam alta médica (GA) e 30 foram a óbito (GO). Os resultados das análises estatísticas dos exames laboratoriais de hemograma e bioquímica sérica indicaram que D. albiventris traumatizados que foram a óbito (GO) apresentaram valores significantemente menores de hematócrito, hemácias, hemoglobina, linfócitos absolutos, linfócitos relativos, albumina, glicose, e valores maiores de neutrófilos relativos e creatinafosfoquinase. Além disso, com relação à estatística de frequência das alterações laboratoriais, observou-se maior ocorrência de anemia (p<0,05), neutrofilia absoluta (p=0,0258), linfocitose absoluta (p=0,0073), monocitopenia absoluta (p=0,0227), neutrofilia relativa (p=0,0149), linfocitose e linfopenia relativas (p=0,0145 e p=0,0267, respectivamente) e redução de proteína plasmática total (p=0,0106) em GO. Portanto, conclui-se que esses parâmetros citados podem ser utilizados como preditores do prognóstico em Didelphis albiventris traumatizados, porém, sempre associando ao quadro clínico do paciente.