A linguagem e o problema dos universais : uma abordagem Wittgensteiniana

Abstract

Este trabalho tem como assunto o problema dos universais, que é uma das questões metafísicas de maior relevância na filosofia. Para definir o problema, utiliza-se o guia de introdução à metafísica de Michael J. Loux, que oferece uma formulação de como o problema surge e como o debate se desenvolve, focando em especial nas teorias realistas e nominalistas de universais. Segundo o autor, o problema dos universais nasce a partir da percepção de concordância de atributos, portanto, além de explicar essa noção, as principais teorias acerca dos universais também procuram oferecer formulações que sirvam de base para lidar com o problema da predicação e a referência abstrata. Após a exposição do problema dos universais e das principais respostas ao mesmo, passa-se a uma investigação da teoria da linguagem de Wittgenstein, focada nos conceitos de jogos de linguagem e de semelhança de família. Percebe-se que esses conceitos procuram orientar o entendimento do funcionamento da linguagem com base em seu uso prático, ou seja, seu envolvimento indissociável com as práticas daqueles que utilizam a linguagem para atingir determinados objetivos. Com um entendimento de linguagem baseado na filosofia wittgensteiniana, é possível notar que tanto a formulação quanto as respostas ao problema dos universais adotam uma certa visão linguística que trata cada palavra como um nome, que procura designar o significado das palavras como os objetos aos quais elas se referem. Essa noção contribui para um mal-entendido na base do problema dos universais, a saber, na percepção de concordância de atributos, além de infectar as respostas realistas e nominalistas, que procuram, por meio dos universais ou dos particulares concretos, determinar a referência das palavras. Pretende-se demonstrar que essa tentativa não possui sentido algum caso adote-se a visão de linguagem atrelada ao uso. Como consequência, tanto a predicação quanto a referência abstrata são problemas ilusórios, que apenas se tornam problemas com uma perspectiva de linguagem que toma cada palavra como um substantivo.