Rastreabilidade de Madeira na Amazônia : uso de isótopos estáveis

Abstract

A exploração madeireira das florestas desempenha um papel importante na economia do país e da região Amazônica, entretanto, mesmo com vários mecanismos de controle, ainda existem dificuldades significativas para garantir o cumprimento das leis, devido ao elevado número de procedimentos suscetíveis a fraudes. A alta vulnerabilidade a fraudes contribui para a persistência da exploração ilegal e compromete a eficácia dos mecanismos de controle estabelecidos. A exploração madeireira ilegal tem causado danos à integridade da floresta e aos povos da Amazônia. Portanto, é necessário desenvolver novos mecanismos de controle e fiscalização. Nesse contexto, a utilização de isótopos estáveis para o rastreamento de madeira pode ser uma ferramenta crucial no combate à exploração ilegal, uma vez que as análises isotópicas podem agregar um dado material, para além do apenas documental, no controle da cadeia produtiva da madeira nativa. O objetivo do estudo foi verificar, a partir de amostras de madeira coletadas em um armazém de retaguarda pelo IBAMA, a região de origem das árvores usando a metodologia isotópica e cruzar essa informação com a localidade declarada no Documento de Origem Florestal (DOF). Foram analisadas 9 amostras de madeira apreendidas no armazém de retaguarda em Itajaí-SC e cedidas pelo IBAMA. Essas amostras passaram por três análises isotópicas: uma na madeira bruta, realizada pelo laboratório CENA/USP, e duas outras na madeira bruta e na extração de celulose, realizadas pelo laboratório CIE/UNESP. Os dados das análises foram comparados entre os valores isotópicos de carbono obtidos por ambos os laboratórios. Observou-se uma pequena diferença entre os resultados. Além disso, foram comparados os valores isotópicos de carbono, oxigênio e hidrogênio obtidos pelo laboratório CIE para a madeira bruta e a celulose. Para carbono e oxigênio, as diferenças foram pequenas, enquanto para hidrogênio houve uma grande discrepância. Utilizando os valores isotópicos de carbono do CENA/USP e de oxigênio da celulose do CIE/UNESP, foram realizados testes de atribuição para identificar o provável local de origem das madeiras. Entre as 9 amostras, 3 ficaram no limite do local de origem, 3 próximas e 3 distantes. Os dados obtidos mostraram uma eficácia no processo de rastreabilidade de madeira. Conclui-se que novos estudos sobre análises isotópicas devem ser realizados para ampliar o banco de dados, possibilitando uma maior precisão na rastreabilidade de madeira no futuro.