Resumo: | Esta pesquisa propõe uma leitura sobre o problema da comicidade na filosofia de Henri Bergson, à luz das relações com suas teorias do riso e da ação. Em primeiro lugar, examinamos as formas cômicas abordadas em O riso, destacando a rigidez e a desatenção à vida envolvidas na situação risível. Em seguida, adentramos no plano da ação pragmática proposto pelo filósofo, sob o pano de fundo da percepção e da memória. As continuidades e descontinuidades entre a dimensão da ação e os preceitos da comicidade nos levaram a considerar certas tensões entre o gesto risível e o ato livre, ambos contendo aspectos de manifestações estéticas que diferem em grau, mas que envolvem elementos que se distinguem por natureza. Por fim, nos instalamos sobre o problema metafísico da liberdade em vista da arte e da filosofia, isto é, no âmbito da criação e do conhecimento especulativo. Sugerimos que o ato livre e a ação pragmática são tipos de atividades que se chocam do ponto de vista da manifestação dos estados psicológicos da consciência que os envolve, trazendo implicações estéticas, metafísicas e pragmáticas para a vida. Dessa forma, o conceito de atenção é revisitado. _______________________________________________________________________________ ABSTRACT The present research proposes a reading on the problem of the comic in Henri Bergson’s philosophy, in relation with his theories on laughter and action. In first place, we examine the forms of the comic in Laughter, emphasizing rigidity and inattention to life as involved in the laughable situation. Then, we study Bergson’s proposal of a plan of pragmatic action, on the background of perception and memory. The continuities and discontinuities found between action and the comic situation led us to consider certain tensions regarding the laughable gesture and free act, both containing aspects of aesthetical manifestations, which differ in degree, but involving also elements that differ in nature. Finally we focus on the metaphysical problem of freedom, having art and philosophy in view, i.e., creation and speculative knowledge. We suggest that free act and pragmatic action are opposed types of doings on the viewpoint of the psychological states of consciousness underlying them, bringing upon aesthetical, metaphysical and pragmatic implications to life. The concept of action is thus revisited. |