Mapeamento dos procedimentos utilizados por fonoaudiólogos brasileiros na avaliação e intervenção vocal de mulheres trans e travestis

Abstract

Mapear os procedimentos utilizados por fonoaudiólogos brasileiros na avaliação e intervenção vocal de mulheres trans e travestis. Métodos: Participaram da pesquisa 52 fonoaudiólogos, com média de idade de 39,5 anos, que atuam na área de voz no Brasil, e que atenderam mulheres trans e travestis nos últimos 12 meses. A amostra foi recrutada online pelas redes sociais e respondeu a um formulário digital via Google Forms, com perguntas sobre o perfil profissional, o atendimento de mulheres trans e travestis, e os procedimentos e estratégias utilizados na avaliação e intervenção na intervenção vocal. A coleta foi realizada entre agosto de 2022 até março de 2023. Resultados: A maioria dos fonoaudiólogos era especializada em voz, mulher cisgênero, com experiência média de 15,67 anos. As mulheres trans e travestis eram predominantemente adultas, acompanhadas também por psicólogos e endocrinologistas. As avaliações vocais foram abrangentes, com menor frequência da avaliação aerodinâmica. A intervenção individual foi mais comum. As estratégias de intervenção mais utilizadas foram os exercícios de trato vocal semi-ocluído, sons vibrantes, sons fricativos, sons nasais, técnica mastigatória, sobrearticulação, repetição auditiva, orientações, acolhimento e propriocepção. Os fonoaudiólogos estão satisfeitos com as técnicas, com menor satisfação para respiratória. Conclusão: Os procedimentos mais usados na avaliação e as estratégias utilizadas na intervenção vocal têm relação com as principais características vocais que contribuem para a identificação do gênero pela voz de mulheres trans. A avaliação aerodinâmica não é necessariamente realizada, e a menor satisfação é com as técnicas respiratórias.