A produção de cuidado nos territórios em tempos de pandemia : os desafios para a Saúde Coletiva em contexto sanitário crítico

Abstract

O campo científico da Saúde Coletiva surge com a proposição de produzir saberes e conhecimentos acerca da saúde, de ângulos e práticas diferentes e suas ações são realizadas por meio de instituições e agentes diversos, com atuação intersetorial para além dos equipamentos de saúde. Com a pandemia de COVID 19, uma nova realidade se apresentou ao campo da Saúde Coletiva, que, dado sua compreensão ampliada da saúde, trouxe para o enfrentamento desse cenário, a necessidade de planejar e agir de modo integrado e intersetorial. A presente pesquisa teve como objetivo analisar como interlocutores da Saúde Coletiva – pesquisadores, profissionais, usuários e entidades associativas e da sociedade civil a partir da ocorrência da pandemia, estão repensando e propondo ações da Saúde Coletiva no Brasil. A pesquisa utilizou na metodologia a revisão de literatura e análise de material de domínio público compartilhado na rede de alcance mundial (world wide web) pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), no período de Março de 2020 até Março de 2021. O colóquio virtual intitulado "O campo da Promoção da Saúde tem algo a dizer para a atual pandemia da Covid-19 e vice-versa?" foi selecionado para análise onde foram identificadas as categorias analíticas, que foram transcritas para um mapa de associação de ideias. Os resultados do trabalho evidenciaram que as proposições da Saúde Coletiva no Brasil para o pós pandemia estão articuladas com diversas áreas, que são direta ou indiretamente relacionadas ao cuidado das populações e possibilitam a compreensão que, para cenários sanitários críticos a construção do conhecimento e do cuidado devem estar pautados no reconhecimento das especificidades dos territórios e comunidades, fortalecendo a lógica da autonomia dos sujeitos e de um projeto emancipatório de cuidado, que produza saúde para além do biológico, integrando direitos e cidadania. Foi possível compreender, pelos interlocutores da Saúde Coletiva, que os novos arranjos para a qualificação da atenção e ampliação do cuidado à população, devem reconhecer as desigualdades sociais como marcadores sociais estruturais que demandam ações prioritárias; que pautem a intersetorialidade como eixo estratégico para organização deste cuidado e que direcionam seu planejamento para que a gestão integrada das ações possibilite sistemas e serviços de saúde mais potentes para esse momento de crise sanitária. A presente pesquisa espera contribuir para que essas reflexões, sobre as proposições no campo da Promoção da Saúde, ratifique no processo formativo da graduação em saúde coletiva a importância da indissociabilidade entre política de saúde e política públicas de outros setores, da gestão e da atenção e, da produção de saúde da produção de autonomia dos sujeitos. O/a bacharel em saúde coletiva são atores chaves para o avanço e consolidação da promoção da saúde, e que precisam ocupar os novos espaços para reinventar a saúde e (re)existir os sujeitos.