“A múmia” (1999) : reflexão sobre o passado colonial

Abstract

Este estudo tem como objetivo compreender como a descoberta da tumba do faraó Tutancâmon em 1922 impactou a representação da figura da múmia e do Egito no cinema. Após a descoberta do jovem faraó no Vale dos Reis, uma onda de agitação se espalhou pelo mundo junto a inúmeros boatos sobre maldições e magia egípcia. Com isso, na década de 1930 e 1940, muitos filmes sobre múmias foram produzidos, criando características da múmia como um personagem monstruoso. Este estudo investiga como estudo de caso a múmia monstruosa e amaldiçoada no filme The Mummy (“A Múmia”) de 1999, refletindo sobre os impactos da descoberta feita a mais de 75 anos atrás e analisando como foram feitas alusões a descoberta do faraó e também o modo como o Oriente foi moldado no filme. Nesse sentido, o campo da egiptomania e da recepção foram de suma importância, levando em consideração que a múmia e o Egito no filme foram pensados a partir da cultura popular. À vista disso, foram examinadas cenas que mostram objetos encontrados na tumba de Tutancâmon, como colares e braceletes, a narrativa sobre a maldição e a construção de alguns personagens. Como resultado, fica evidente que a delineação da múmia e do Egito foi criada em um contexto colonial que marca as tensões entre o Egito e a Grã-Bretanha, mostrando um momento em que esta ainda possuía hegemonia no Oriente.