A saúde digital no Brasil e o mercado de trabalho do sanitarista

Abstract

Introdução. Em novembro de 2020, a Assembleia Mundial da Saúde endossou a Estratégia Global em Saúde Digital. No contexto dessa estratégia global, a Saúde Digital foi entendida como a área de conhecimento e prática associada com o desenvolvimento e o uso de tecnologias digitais para melhorar a saúde. A referida Estratégia Global em Saúde Digital possui quatro objetivos estratégicos. O segundo objetivo estratégico é: avançar a implementação de estratégias nacionais de saúde digital. Com esse objetivo, espera-se que se produza um modelo de avaliação dinâmica de maturidade de saúde digital. Objetivo. O objetivo deste trabalho é explorar e descrever a evolução da saúde digital no Brasil, dos principais modelos de maturidade da saúde digital, levando em consideração aspectos de saúde pública digital, e refletindo sobre a importância do sanitarista nesse contexto. Metodologia. Este trabalho caracteriza-se como uma monografia exploratória e descritiva, composta por duas fases complementares: 1) revisão narrativa da literatura sobre saúde digital, saúde digital no Brasil, modelos de maturidade, saúde pública digital e modelos de maturidade de saúde pública digital; 2) listagem, em portuguës, dos quesitos avaliados pelos principais modelos de maturidade digital disponíveis. Resultados. Neste trabalho fez-se a descrição de três modelos de maturidade e uma lista de itens a serem avaliados por modelo de maturidade da saúde digital: o IS4H-MM, que é amplamente utilizado por diversos países; o GDHM, que é apresentado em uma plataforma digital interativa na internet e apropriado para a avaliação da saúde digital de países; o IMDIS, desenvolvido especificamente para a utilização em instituições de saúde brasileiras. O IS4H-MM avalia todas as dimensões avaliadas pelo GDHM. além de outras dimensões de maturidade da saúde digital não avaliadas pelo GDHM. O IMDIS abrange mais dimensões do que o GDHM e, com uma quantidade muito menor de quesitos, cobre quase a totalidade das dimensões avaliadas pelo IS4H-MM. O quarto detalhamento foi de uma lista de indicadores e ferramentas digitais consideradas essenciais para a avaliação da saúde digital, com foco na saúde pública digital. Conclusão. A literatura sobre saúde digital é extensa e com diversas ramificações quanto a seus usos, potencialidades, limitações e ameaças (principalmente à privacidade). Um pouco menos extensa é a literatura sobre modelos de maturidade da saúde digital. O modelo de maturidade GDHM mostra que o Brasil está, de modo geral, na penúltima fase de maturidade (Fase 4). Porém, os indicadores que compõem o quadro geral estão em fases distintas de maturidade. A melhoria do terceiro indicador (Força de Trabalho), depende principalmente do aumento na maturidade das carreiras profissionais do setor de saúde pública, isto é, cargos, funções e plano de carreira específicos para a saúde digital, que inclui, obviamente, as importantes contribuições que a profissão de sanitarista pode desempenhar na saúde digital, ambos jovens com aproximadamente a mesma idade e em pleno processo de amadurecimento.