Um estudo de caso sobre o projeto Grafita!Trans : transformando territórios com graffiti, turismo e socioeducação

Abstract

A arte, o Hip-Hop e a transgeneridade têm sido há tempos objeto de conflito e desejo dessa sociedade ainda tão distante de fazer as pazes consigo mesma, e são marcadores que movimentam pessoas, ideias e dinheiro através do Brasil. Os conflitos sociais evidentemente costuram uma ferida apertada e dolorosa sobre a experiência, tanto de pessoas trans viajando através do mundo; como também nas limitações e desafios da realização da primeira edição do projeto Grafita!Trans, em Samambaia; e em nossos cotidianos, das mais adversas formas. Este trabalho é um registro de memória em dois tempos: primeiro, o resgate documental e bibliográfico do passado que não permitiram que fosse registrado sobre a população trans no Brasil, demarcando que a mesma também sempre existiu através dos tempos. Segundo, o registro de um dispositivo de ocupação da rua para corpos marginalizados em um tempo mais presente. O Grafita!Trans pôs em prática o graffiti, tecnologia essa que nos permite transformar a cidade enquanto nos conectamos com as histórias ancestrais que passam a ser contadas pelos muros e acessadas através do turismo, quando o evento extraordinário faz com que um indivíduo passe a se sentir parte do todo e acessar aspectos emocionais de uma maneira completamente diferente de seu cotidiano. Os graffitis foram realizados pelas pessoas trans que participaram de três oficinas formativas de sensibilização nesse sentido. A criação desse projeto gerou a aplicação de uma metodologia pedagógica que foi realizada também em outros projetos independentes, como o banheiro neutro do Centro de Excelência em Turismo da UnB, e o leilão por mais tintas. Através da transformação do espaço, estimulamos a transformação da comunidade ao reconhecer o valor de falar sobre diversidades e mundos mais acolhedores.