Populismo, patrimonialismo e o governo Roriz

Abstract

As práticas do populismo e do patrimonialismo no sistema político brasileiro são tema de estudos e análises na administração pública. A política brasiliense tem poucos anos de história democrática em matéria de governo do Distrito Federal como é possível analisar a partir da tardia primeira eleição direta a governador no ano de 1991. Por isso, os anos de gestão do governo de Joaquim Roriz têm sua marca temporal e administrativa relevante devido aos três mandatos como governador e a eleição de outros governadores e legisladores da base aliada, além da larga influência na política brasiliense ainda expressa em discursos do atual governador de Brasília, Ibaneis Rocha. O objetivo deste trabalho é analisar as práticas e gestão no governo Roriz em seus anos de atuação como governador de Brasília e seu breve período de exercício no Senado, comparativamente com o estudo das práticas patrimonialistas e populistas e suas heranças culturais. O método de pesquisa qualitativa foi desenvolvido a partir da análise de documentos oficiais tais como diário oficial, legislação e discursos registrados no acervo do Senado Federal, revistas e jornais, e bibliografias referentes à vida de Joaquim Roriz, além de documentos históricos relacionados aos apoiadores e a família Roriz e Meireles no município de Luziânia. Além disso, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com três indivíduos que tiveram contato direto e participaram politicamente da trajetória de Roriz em diferentes períodos. Os principais resultados do estudo compreendem uma visão panorâmica e direcionada das ações do ex-governador em sua trajetória política, paralelamente à sua vida pessoal, a partir dos conceitos e estudos do populismo e patrimonialismo e as respectivas heranças e dinastias políticas. Perceberam-se, como principais ações patrimonialistas o programa de distribuição de terras, concessão de benefícios fiscais como pagamento de aliados político, uso da máquina pública, orçamento da Caixa de Pandora e o messianismo "pai dos pobres", e como principais ações populistas foram a perpetuação do nome da família Roriz (Joaquim Roriz Neto, Dedé Roriz, Paulo Roriz, Weslian Roriz), discurso agressivo de Roriz contra Maria de Lourdes, o uso das carências sociais como marketing e a política assistencialista de distribuição de pão e leite. Por fim, destacou-se que essas práticas foram herdadas, antes de serem vivenciadas pelo governo de Joaquim Roriz, em que os fortes traços de gestão marcados por obras, discursos e corrupção constroem uma imagem popular duradoura, porém incerta, do ex-governador. Mesmo após sua morte, ainda há a herança de influência e poder pela eleição de membros da família Roriz e da base de aliados, além do reavivamento da memória afetiva da população com homenagens, como por exemplo, o restaurante comunitário ― Rorizão. As heranças econômicas e política são expressas por meio de fortunas de empresas de construção civil e a presença de nomes como Paulo Octávio e Luiz Estevão ainda no cenário político atual. Porém essa influência é limitada pela falta de personas de grande relevância da família Roriz, ou apadrinhados.