Mulheres e o futebol : uma análise das relações estabelecidas entre as mulheres e o futebol em contextos esportivos ou de lazer

Abstract

Durante o período de 1941 a 1979 (trinta e oito anos) as mulheres foram proibidas de praticar qualquer esporte considerado incompatíveis com as condições de sua natureza, como o futebol, com a justificativa de que os corpos femininos eram frágeis e a prática poderia prejudicar a fertilidade. Esse tempo de proibição impactou a corporeidade feminina, sendo retirado das mulheres o direito à prática do esporte, tanto em contextos educacionais, quanto fora dele. Nesse escopo, faz-se necessário compreender como a produção científica do campo de conhecimento e intervenção pedagógica da Educação Física analisa o gap histórico acerca do cerceamento do direito ao esporte por parte das mulheres (meninas) no caso brasileiro. É fundamental o desenvolvimento de estudos que descrevam e analisem o futebol feminino de forma integral. Por isso essa pesquisa tem como objetivo geral: compreender a história recente da inserção da mulher no espaço social esportivo, especificamente no futebol, no contexto da sociedade brasileira a partir de 1983 (momento de regulamentação do futebol feminino no Brasil), com base na percepção de ex-atleta de futebol de mulheres e produção acadêmica disponibilizada na Revista Movimento (UFRGS) acerca da temática Mulher. Especificamente pretende-se: a) Averiguar, na produção acadêmica disponibilizada no periódico Capes na Revista Movimento (UFRGS) como se dá o contexto da mulher no futebol brasileiro, quem são os/as autores/as, inclusive em relação sexo, onde se situa essa produção e quais são as principais conclusões apresentadas no escopo dos artigos. b) Identificar no relato de exatleta de futebol elementos que possibilitem a compreensão da inserção da mulher no futebol feminino no Brasil, bem como as dificuldades e superações para a consolidação dessa prática corporal. A plataforma de pesquisa utilizada foi o Portal de Periódicos Capes, a amostra foi composta inicialmente por 20 publicações entre os anos de 2018 até 2022 e posteriormente o recorte foi direcionado a todos os artigos da Revista Movimento (UFRGS). Foi feita a pré-análise da amostra por meio da nuvem de palavras criada pelo software NVivo Realease versão 2021. E a análise em profundidade ocorreu por meio da técnica de análise de conteúdo, segundo Bardin. As categorias de análise tomadas como objeto de nossa investigação foram: (a) a representação da mulher no contexto esportivo, exposta nos artigos e (b) a produção acadêmica relacionada às mulheres, enquanto jogadora ou atleta que são ventilados na produção científica. Os periódicos demonstraram um avanço na modalidade feminina, como mudanças nos uniformes e obrigações imposta por entidades para que os clubes investissem em equipes femininas, mas também nos mostram que há preconceito e desvalorização da modalidade. Ainda há uma sub-representação nos cargos de liderança, além da desproporcionalidade dos salários oferecidos entre mulheres e homens que ocupam a mesma função. A proibição do futebol de mulheres no Brasil também deixou outros reflexos negativos, a saber: a ausência de pertencimento ao campo esportivo de forma integral, o baixo incentivo ao esporte e o baixo investimento no futebol feminino. Esse campo esportivo é um ambiente social que foi inviabilizado para as mulheres, por isso é fundamental pesquisas que descrevam e analisem a corporeidade feminina.