Iconografia e grafismo wayana-aparai : por trás dos artefatos e peles pintadas

Abstract

Partindo da análise das pinturas corporais e dos objetos e artefatos dos povos Wayana e Aparai estabelecidos no extremo norte do Estado do Pará, e, em particular, dos estudos estéticos e etnográficos da professora e antropóloga Lucia Hussak van Velthem, o presente trabalho visa descrever e investigar as complexas formas artísticas dessas etnias à luz de seus mitos e cosmologia. Retomaremos, para tanto, os mitos que fundamentam e dão sentido às figuras e aos grafismos recorrentes nos artefatos e pinturas corporais desses povos. Se a arte faz parte da existência humana desde o Paleolítico, como uma necessidade intrínseca aos seres humanos de expressar e exteriorizar não apenas sua relação com o mundo, mas a compreensão de sua presença nele, compreender o significado de diferentes formas artísticas é compreender também como diferentes culturas simbolizam e dão significado aos seus modos de ser e estar no mundo. Tendo em vista nosso cultivado desconhecimento acerca dos povos indígenas que habitam os territórios brasileiro e adjacentes, o estudo da iconografia e do grafismo Wayana-Aparai, que está no centro desse trabalho, será precedido de uma breve apresentação dessas etnias. Buscaremos, na sequência, expor a relação entre os grafismos e as narrativas míticas que recontam seu surgimento e o que há por trás dos métodos artísticos empregados e como eles significam e justificam o “ser” para esses povos.