Análise do excesso de carga como fator influente na qualidade das rodovias brasileiras

Abstract

O modo rodoviário é amplamente utilizado em todo mundo, tanto para o transporte de pessoas como para o transporte de cargas. No Brasil, ele é responsável por 60% do transporte de cargas, tendo como resultado um intenso tráfego de veículos de carga nas rodovias brasileiras, pavimentadas ou não. Ainda que boa parte dessas estradas tenham sido corretamente projetadas é de suma importância que se tenha um controle do tráfego de cargas que por elas são transportadas, para que se garanta a sua correta utilização conforme prevista em seu projeto. Porém, assim como observado em países como Portugal, Equador, Paquistão, Indonésia, Estados Unidos e Brasil, as leis que limitam as cargas nem sempre são obedecidas, e assim a deterioração do pavimento é a celerada e a sua vida útil diminuída além do previsto em projeto. Este trabalho teve como objetivo estudar a possível relação entre o número de infrações de excesso de carga e o desempenho dos pavimentos de duas rodovias no estado do Espírito Santo, a BR 262 e a BR 259. Para isso, se fez uso de dados do Sistema de Gerência de Pavimentos (SGP) do Departamento de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para obter a evolução da condição do pavimento destas rodovias ao longo dos anos de 2013, 2014, 2017 e 2018, e dos registros, deste mesmo Órgão, de infrações de excesso de carga cometidos também nestas rodovias entre os anos 2017 e 2019. Somou-se a essa caracterização, as classificações do pavimento rodoviário de ambas as rodovias realizadas pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) entre os anos de 2013 e 2019. Para se obter a porcentagem de caminhões infratores, utilizou-se os dados de contagem e classificação veicular dos equipamentos eletrônicos de controle de velocidades do Programa Nacional de Controle de Velocidade (PNCV). Pôde-se observar que a porcentagem de caminhões infratores é de 0,76% do total de veículos de carga para a BR 262 e 0,72% para a BR 259. Além disso, foi possível comparar a deterioração média das duas rodovias, sendo mais acentuada no caso da BR 262 que teve o seu Índice de Irregularidade Longitudinal Internacional (IRI) passando de 2,44 em 2013 para 3,59 em 2018, enquanto na BR 259, neste mesmo período, teve seu IRI acrescido de 2,10 a 2,36. Por fim, também se observou que, nas duas rodovias, a classificação do pavimento realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) diverge consideravelmente da obtida a partir do IRI médio delas.