Resumo: | O presente trabalho busca compreender mais acerca de momentos da história
onde emergiram políticos carismáticos – considerando o conceito de Weber para ‘dominação
carismática’, ou seja, a eleição de um líder pela fé neste como o messias. O intuito é que se
estabeleça uma posição crítica a esta forma de dominação, ao demonstrar como o político
constrói, a partir da situação vigente, a sua imagem de messias, e que esta não é uma característica inata do político em questão. O primeiro autor pelo qual veremos esse fenômeno se
trata de Platão, mais especialmente em A república, que será central para que, mesmo considerando que a república democrática ateniense seja muito diferente, possamos compreender
que a conquista de uma democracia não é ideal por si só para levar ao bem-estar geral, considerando que há brechas para a tirania, do qual deveríamos nos atentar. Segundo o autor, boa
parte disso se deve por ela estar propensa a ascensão de um sofista, o que procurei demonstrar
ter as características de um político carismático, ao conquistar a população através de belos
discursos, uma ferramenta estética sonora muito utilizada na Grécia Antiga. Com Walter Benjamin, segundo autor ao qual escolhi analisar, busquei esclarecer se as colocações de Platão,
principalmente no que diz respeito as preocupações com uma liderança carismática, ainda são
pertinentes para compreender a política democrática, e quanto a essa análise, me detive em A
obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica, em que Benjamin enfatiza que a estética
– ou seja, todo o campo do sensível – é um artificio central para manutenção de poder, como
foi o caso com Adolf Hitler, líder carismático, que apesar de não ter sido eleito com maioria
dos votos numa eleição livre e sim numa eleição consolidada a partir de violência, tinha amplo apoio anterior a sua eleição, em boa parte, graças aos artifícios estéticos que instaurou
durante toda campanha e governo. Por fim, tendo como base o processo de eleição democrática do ex-presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, que ocorreu apoiada na
utilização dos memes do ‘Sapo Pepe’, destrinchei, como se apresenta na atualidade, o conceito de Benjamin de ‘estetização política’, e relembrei os perigos de uma democracia refletidos
nos diálogos Socráticos narrados por Platão. Parte que foi feita, em especial, tendo como referência as notícias políticas publicadas a partir dos principais meios de comunicação, como
forma de compreender que os meios estéticos são, atualmente, também, o principal meio de
informação, carecendo que tenhamos um cuidado ainda maior com como adquirimos nossos
conhecimentos. |