Sistemas para criação de ácaros predadores, Neoseiulus sp. (Phytoseiidae), e avaliação do potencial de predação em condições simuladas de seca

Abstract

O ácaro fitófago Tetranychus urticae Koch, conhecido popularmente como ácaro-rajado ou ácaro de teia, é uma espécie de grande importância econômica no mundo pelo vasto número de hospedeiros que ataca e pelos danos causados a eles, provocando perdas na qualidade e na produtividade das culturas. Estudar e aperfeiçoar os mecanismos de controle desta espécie é de suma importância. O controle biológico com ácaros predadores, principalmente os da família Phytoseiidae, tem sido considerado uma alternativa viável, promissora e se encontra em expansão no Brasil e em outros países. O elevado potencial desses inimigos naturais, como técnica complementar ao controle químico, tem impulsionado as pesquisas para a sua utilização em programas de manejo das populações do ácaro-rajado. A performance dos ácaros predadores, entretanto, é influenciada por fatores abióticos, como a umidade relativa (UR), que pode afetar a sua reprodução e sobrevivência. Este trabalho avaliou a metodologia de criação da praga T. urticae (presa) e também de três espécies de ácaros predadores em condições de laboratório, i.e., Neoseiulus californicus McGregor, N. idaeus Denmark & Muma e N. barkeri Hugues. Para a criação de T. urticae foram utilizadas plantas de feijão-de-porco, Canavalia ensiformis (L.), cultivadas em vasos e sobre folhas individualizadas mantidas em vasilhas plásticas com tampa. Os ácaros predadores foram mantidos em arenas de criação e alimentados com T. urticae, pólen de taboa, Typha domingensis (Pers.) Steud., e com o ácaro Tyrophagus putrescentiae Schrank, sendo este último fornecido apenas aos predadores N. barkeri. Também foi avaliado o desempenho das três espécies de ácaros predadores como agentes de controle biológico sob condições simuladas de seca em laboratório. Foram avaliados os seguintes parâmetros: oviposição, capacidade de predação (consumo de ovos da presa) e eficiência de conversão de alimento ingerido (ECI). As três espécies de fitoseídeos mostraram maior interesse alimentar pelo ácaro-rajado e o pólen funcionou como fonte suplementar de alimento. Nos testes de umidade relativa, o valor obtido para condição de seca foi 23% de UR e 94% para condição úmida. Neoseiulus barkeri foi o mais afetado pelo baixo nível de umidade, com a oviposição e ECI chegando a zero e alta mortalidade nos primeiros dias de experimento. O valor de ECI foi menor na condição de seca para os três predadores. O consumo de ovos por N. californicus e N. idaeus não foi afetado significativamente pela variação de umidade, mas a oviposição foi menor em baixa umidade. Neoseiulus californicus e N. idaeus apresentaram melhor desempenho como agentes de controle biológico do ácaro fitófago T. urticae sob condições de seca simuladas em laboratório no presente estudo.