Resumo: | Objetivo: Avaliar os fatores associados aos marcadores de consumo alimentar de crianças entre
6 e 12 meses. Método: Estudo transversal realizado com 474 pares de mães e crianças em 20
Unidades Básicas de Saúde do Distrito Federal. Foi aplicado questionário com as mães que
avaliava dados sociodemográficos, características da gestação, depressão (Inventário de
Depressão Beck II), ansiedade materna (Inventário de Ansiedade Traço-Estado) e marcadores
de consumo alimentar para crianças entre 6 e 23 meses e 29 dias. A partir dos marcadores de
consumo alimentar, foram calculados os seguintes indicadores: aleitamento materno continuado,
introdução de alimentos, diversidade alimentar mínima, frequência mínima e consistência
adequada, consumo de alimentos ricos em ferro, consumo de alimentos ricos em vitamina A e
consumo de alimentos ultraprocessados. Realizou-se análise de regressão linear múltipla pelo
método backward. Os resultados estão apresentados em Odds Ratio e intervalo de confiança
95%. Resultados: Crianças primigestas tiveram menor chance de estarem em aleitamento
materno continuado do que crianças não primigestas (0,6; 0,4–1,0). Crianças mais velhas
tiveram maior chance de receberem alimentos na frequência recomendada para a idade (7-8
meses: 3,5; 1,8–6,9), com frequência mínima e consistência adequada (10-11 meses: 2,2; 1,2–
4,0), ricos em ferro (7-9 meses: 4,8; 2,8–8,2 e 10-11 meses: 8,9; 4,8–16,5) e vitamina A (7-9
meses: 2,2; 1,3–3,9 e 10-11 meses: 2,8; 1,4–5,7) e com diversidade mínima (7-9 meses: 6,0;
IC95%: 3,3–10,7 e 10-11 meses: 9,5; 5,0–18,2), entretanto também tiveram maior chance
consumirem alimentos ultraprocessados (10-11 meses: 3,7; 1,9–7,1) e menor chance de estarem
em aleitamento materno continuado (7-9 meses: 0,5; 0,2–0,9 e 10-11 meses: 0,4;0,2–0,8), em
comparação com crianças mais novas (6 meses). Crianças com menor renda familiar tiveram
menor chance de receberem alimentos na frequência e consistência recomendada para a idade
(¼-½ SM: 0,5; 0,2–1,2 e <¼ SM 0,1; 0,0–0,5) e tiveram maior chance de consumirem alimentos
ultraprocessados (¼-½ SM: 2,2; 1,2–4,0 e <¼ S: 3,4; 1,7–6,5) em comparação com as crianças
com maior renda familiar (>½ SM). Crianças de mães com ansiedade-estado tiveram menor
chance de apresentarem uma dieta diversa (0,5; 0,3–0,8) e de consumirem alimentos ricos em
ferro (0,4; 0,3–0,7) do que crianças de mães sem ansiedade-estado. Crianças de mães com
ansiedade-traço tiveram menor chance de apresentarem a frequência mínima e consistência
adequada (0,6; 0,4–1,0) do que crianças de mães sem ansiedade-traço. Crianças de mães com
mais de 34 anos tiveram menor chance de consumirem alimentos ultraprocessados do que as
crianças de mães com 34 ou menos (0,5; 0,3–1,0). Crianças de mães com menor escolaridade
tiverem maior chance de consumirem alimentos ultraprocessados (ensino médio incompleto ou
completo: 1,9; 1,0–3,6 e ensino fundamental completo ou menos: 3,3; 1,5–7,4) do que crianças
de mães com maior escolaridade. Conclusão: A idade da criança, renda familiar, primigestação,
idade, saúde mental e escolaridade materna se associaram aos marcadores de consumo
alimentar de crianças entre 6 e 12 meses. Constata-se a importância de estratégias de promoção
de uma alimentação adequada e saudável no período de introdução da alimentação
complementar levarem em consideração estes aspectos. |