Adesão por profissionais não nutricionistas às recomendações sobre alimentação do Ministério da Saúde para o acompanhamento de pessoas com diabetes mellitus na atenção primária à saúde

Abstract

O diabetes mellitus é uma doença metabólica caracterizada pela presença de episódios persistentes de hiperglicemia que decorrem de prejuízos no metabolismo glicêmico, devido a deficiência na produção ou na ação da insulina. Os casos de DM resultam em altos custos ao SUS, cerca de 1 bilhão de reais em 2018, e estão associados ao aumento de morbidade, à redução da qualidade de vida e à elevação da taxa de mortalidade. A alimentação possui um papel importante no controle do diabetes e deve ser parte das orientações ofertadas às pessoas para que o tratamento seja otimizado e, apesar de ser papel do nutricionista a avaliação nutricional e a prescrição dietética, a responsabilidade acerca das orientações sobre a alimentação deve ser compartilhada pelos profissionais das equipes de APS. Assim, os principais objetivos deste estudo foram: (1) investigar as práticas dos profissionais que compõe as equipes de APS; (2) verificar se essas práticas estão atualizadas em concordância às recomendações do Ministério da Saúde e às melhores evidências científicas disponíveis; e (3) investigar características do perfil desses profissionais associadas à adesão às diretrizes do Ministério da Saúde. Trata-se de um estudo transversal que analisou dados coletados por meio de formulário eletrônico, divulgado utilizando a técnica de “bola de neve” e desenvolvido por especialistas em nutrição. Participaram do estudo 857 profissionais. Em relação aos materiais utilizados por eles no atendimento, observou-se maior prevalência no uso do Guia Alimentar para a População Brasileira e dos Cadernos de Atenção Básica – CAB. Entre as principais orientações recomendações realizadas para pessoas com DM destaca-se: a redução do consumo de alimentos ultraprocessados (81,67%) e a redução do consumo de carboidratos (78,05%). Somente 0,25% afirmou utilizar a Alimentação Cardioprotetora Brasileira. A investigação da associação entre características de profissionais não nutricionista participantes do estudo e a adesão às recomendações veiculadas por materiais propostos pelo Ministério da Saúde, demonstrou que o uso do Caderno de Atenção Básica foi associado à idade, havendo um maior uso dentre os profissionais mais velhos (RP= 1,78, IC95% 1,17 – 2,70) e à atuação na Estratégia de Saúde da Família, que foi associado a um maior uso desse material (RP= 1,27, IC95% 1,04 – 1,56). Já em relação do uso do Guia Alimentar para a População Brasileira a idade se comportou de forma contraria, tendo uma maior adesão desse material dentre os profissionais mais jovens (RP= 0,55, IC95% 0,36 – 0,85). Percebeu-se baixa adesão dos profissionais não nutricionistas às diretrizes do Ministério da Saúde sobre alimentação para pessoas com DM, tendo o Guia Alimentar e os Cadernos de Atenção Básica como os materiais mais citados e a Alimentação Cardioprotetora Brasileira praticamente não utilizada pelos profissionais.