Título: | O uso de nós e a gente na variedade linguística de Brasília |
Autor(es): | Rodrigues, Lara Dias |
Orientador(es): | Pacheco, Cíntia da Silva |
Assunto: | Brasília (DF) Língua portuguesa - pronomes Variação linguística |
Data de apresentação: | 30-Set-2022 |
Data de publicação: | 22-Mar-2024 |
Referência: | RODRIGUES, Lara Dias. O uso de nós e a gente na variedade linguística de Brasília. 2022. 41 f., il. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Letras Português) — Universidade de Brasília, Brasília, 2022. |
Resumo: | Este estudo tem como principal objetivo analisar a variação pronominal
entre nós e a gente na capital do país, Brasília, com base na Teoria Variacionista de
Labov. Busca-se saber quais contextos propiciam-na a ser uma variação em progresso
em solo brasiliense, visto que, em outros estados brasileiros, há trabalhos acerca
deste fenômeno, como Mattos (2013) em Goiás; Tamanine (2002) em Santa Catarina;
Omena (1996 e 2003) no Rio de Janeiro; Borges (2004) em Jaguarão e Pelotas; Seara
(2000) em Florianópolis; Zilles (2007) em Porto Alegre. A pesquisa foi estratificada em
variáveis linguísticas: 1) Paralelismo linguístico: a hipótese pautada na repetição do
mesmo sujeito pronominal dentro de um turno de fala, contando com seu efeito
uniforme e geral (SCHERRE, 1998), e o resultado do presente estudo ratifica tal
suposição quando se trata do fenômeno de variação de pronomes em Brasília, já que
93.3% de dados antecedidos de a gente e 80.8% dos dados de primeiros da série
favorecem o uso do pronome a gente; 2) Referencialidade: dividida entre específica e
genérica, pressupondo-se que o pronome a gente é mais favorecido por esta, e o nós
favorecido por aquela (LOPES, 1993), mas, aqui, o uso do pronome a gente refutou a
hipótese inicial, pois, no caso em que o pronome é usado para referir a si próprio, com
o pronome do caso reto eu, houve uma porcentagem de 80% quando comparado com
o uso do pronome nós (20%), usado para o mesmo fim, de acordo com a Tabela 2.
Logo, o pronome que estaria mais voltado para o polo indeterminado contou com um
uso maior para a porção determinada da referencialidade, sendo superior ao nós.
Também, os casos de referência de [eu + você] e [eu + você + ele(s)] foram favorecidos
pelo pronome a gente em 71.9% e 76.7% das ocorrências, respectivamente. Com isso,
a variável [eu + ele] foi a única que respondeu, satisfatoriamente, à variação com
casos de nós. Outrossim, as variáveis sociais foram: 1) Sexo: hipótese alicerçada no
grupo feminino compor o maior índice de falantes da forma pronominalizada a gente
(RUBIO, 2012), e as brasilienses validam o que o estudo propôs por estarem à frente
quanto ao uso do pronome em ascensão a gente com base em um percentual de
74.3%; 2) Faixa etária: hipótese de que os jovens são os que favorecem,
significativamente, a variação (PACHECO, 2014), e a pesquisa evidenciou que criança
(até 9 anos), jovem (20 a 24 anos) e adulto (de 25 anos em diante) foram grupos que
favoreceram a variável a gente em Brasília, com 77.8%, 100% e 100%,
respectivamente; e o pronome nós preponderante em falas de pré-adolescentes de 10
a 14 anos (35.7%) e adolescentes de 15 a 19 anos (63.2%); e 3) Escolaridade: a
variável a gente faz parte do discurso dos falantes brasilienses, independentemente
do nível escolar, dado o seu baixo nível de estigmatização, mas, de acordo com
Omena (1996), o nós é favorecido nas séries iniciais, pois é quando as crianças têm
um aprendizado normativo do que as gramáticas prescrevem; e o a gente usado mais
pelos adolescentes e jovens, visto que apresentam, em seu vernáculo, uma
característica mais desprendida do formal; a pesquisa trouxe, entretanto, resultados
contrários, sendo que estudantes do ensino médio estiveram mais propensos ao uso
do pronome nós (51.1%), enquanto o ensino superior apresentou categoricamente o
uso do pronome a gente (100%). Por outro lado, a educação infantil também ficou com
81.8% de uso de a gente. |
Abstract: | The main objective of this study is to analyze the pronominal variation
between "nós" and "a gente" in the country's capital, Brasilia, based on Labov's
Variationist Theory. We seek to know which contexts allow it to be a variation in
progress in Brasília, since in other Brazilian states there are studies about this
phenomenon, such as Mattos (2013) in Goias; Tamanine (2002) in Santa Catarina;
Omena (1996 and 2003) in Rio de Janeiro; Borges (2004) in Jaguarão and Pelotas;
Seara (2000) in Florianopolis; Zilles (2007) in Porto Alegre. The research was stratified
into linguistic variables: 1) Linguistic parallelism: the hypothesis based on the repetition
of the same pronominal subject within a turn of speech, with its uniform and general
effect (SCHERRE, 1998), and the result of the present study confirms this assumption
when it comes to the phenomenon of pronoun variation in Brasília, since 93.3% of data
preceded by gente and 80,8% of the first data in the series favor the use of the pronoun
“a gente”; 2) Referentiality: divided between specific and generic, assuming that the
pronoun “a gente” is more favored by the latter, and “we” favored by the former
(LOPES, 1993), but, here, the use of the pronoun “a gente” refuted the initial
hypothesis, because, in the case where the pronoun is used to refer to oneself, with
the straight case pronoun “eu”, there was a percentage of 80% when compared to the
use of the pronoun “we” (20%), used for the same purpose, according to Table 2.
Therefore, the pronoun that would be more focused on the indeterminate pole had a
greater use for the determinate portion of referentiality, being superior to the “we”. Also,
the reference cases of [eu + you] and [eu + you + he(s)] were favored by the pronoun
a gente in 71.9% and 76.7% of occurrences respectively. Thus, the variable [eu + ele]
was the only one that satisfactorily responded to variation with cases of knots.
Furthermore, the social variables were: 1) Gender: hypothesis based on the female
composing the highest rate of speakers of the pronominalized form "a gente" (RUBIO,
2012), and the women from Brasília validate what the study proposed because they
are at the forefront regarding the use of the rising pronoun "a gente" based on a
percentage of 74.3%; 2) Age: hypothesis young people are those who significantly
favor variation (PACHECO, 2014), and the research showed that children (ages
between 0 and 9 years), young people (20 to 24 years) and adults (from 25 years old
onwards) were groups that favored the variable "nós" in Brasília, with 77.8%, 100%
and 100% respectively; and the pronoun we predominant in speeches of
preadolescents from 10 to 14 years old (35.7%) and adolescents from 15 to 19 years
old (63.2%); and 3) Level of education: the variable "a gente" is part of the discourse
of speakers from Brasília, regardless of school level, given its low level of
stigmatization, but, according to Omena (1996), "nós" is favored in the early school
grades, because it is when children have a normative learning of what the grammars
prescribe; and "a gente" used more by adolescents and young people, since they
present, in their vernacular, a characteristic that is more detached from the formal, the
research brought; however, opposite results, with high school students being more
prone to use the pronoun "nós" (51.1%), while the higher education showed great use
of the pronoun "a gente" (100%). On the other hand, early childhood education also
had 81.8% use of “a gente”. |
Informações adicionais: | Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) — Universidade de Brasília, Instituto de Letras, Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas, 2022. |
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Aparece na Coleção: | Letras - Português
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