A inevitabilidade e a naturalização da violência contra a mulher : uma análise da minissérie As Cariocas

Abstract

A televisão faz parte do cotidiano dos brasileiros e participa ativamente na construção do imaginário social da população do Brasil. Neste contexto, o objetivo deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é analisar a representação social e enquadramento de três protagonistas da série “As Cariocas”. Essa série da televisão aberta brasileira foi exibida entre 19 de outubro de 2010 e 21 de dezembro de 2010. Nela foram contadas histórias de moradoras de bairros tradicionais do Rio de Janeiro. Nos episódios, fomos apresentados aos desejos, semelhanças e ao dia a dia de mulheres cariocas. A questão de pesquisa do estudo é: A representação social das mulheres na série “As Cariocas” contribuiu para a perpetuação dos estereótipos das mulheres cariocas e narrativas sexistas que reforçam estereótipos de gênero? A base teórica usada se fundamenta nos preceitos de representação social encontrados em Jodelet (2009); no enquadramento proposto por Goffman (1972), Hangai (2012); nos estudos feministas de Beauvoir (1970), Hooks (2018; 2023), Saffioti (2004) Butler (2003), Zanello (2022) e nos estudos de comunicação de Miranda (2017) e Belisário (2019) Para analisar os episódios utilizamos a Análise Crítica da Narrativa de Motta (2013), considerando que a Obra é fruto de um enquadramento de seus produtores. Os resultados mostram que a série “As Cariocas” reforçou estereótipos de gênero e violências e preconceitos de classe e gênero contra mulheres cariocas. A obra, considerada de comédia, naturaliza cenas de violência doméstica, assédio sexual e psicológico contra as mulheres, perpetuando a cultura patriarcal do imaginário social dos espectadores brasileiros e brasileiras.