Intercorrências relacionadas às mudanças de imunossupressores em pacientes transplantados renais

Abstract

Introdução: O transplante renal é um dos tratamentos para o doente renal crônico. Esse tratamento necessita do uso dos imunossupressores como forma de minimizar o risco de rejeição do órgão transplantado. Contudo, o esquema de imunossupressão pode trazer riscos e desenvolver outros problemas de saúde. Objetivo: Verificar a associação entre o aparecimento de intercorrências e o perfil dos pacientes e do tratamento nos pacientes transplantados renais do Hospital Universitário de Brasília (HUB) e as suas implicações clínicas. Métodos: Foi realizado um estudo piloto descritivo com base na análise documental dos prontuários dos pacientes. Foram coletadas informações sobre o perfil dos pacientes, dos transplantes, da dosagem sérica de ureia e creatinina, da dosagem de imunossupressores e das intercorrências relacionadas aos imunossupressores. Resultados: Foram incluídos 86 pacientes destes 61,2% eram homens. A idade dos pacientes variou de 19 a 75 anos, com média de 48,7 (± 13,2). A maior parte dos transplantes ocorreu até 2013 (57,0%) e os doadores foram predominantemente falecidos (73,1%). Mesmo que as mulheres tenham apresentado valores de ureia (42,4%) e creatinina (34,4%) dentro da normalidade, estes valores não foram significativamente diferentes em relação aos homens que foram 32,7% e 21,6% dentro da normalidade, respectivamente. Os valores de dosagem sérica dos imunossupressores demonstraram em apenas 40,0% dos pacientes com tacrolimo, 54,3% dos pacientes com sirolimo e 66,6% daqueles com everolimo estavam com dosagens dentro dos limites estipulados na última consulta. Houve 31 registros de troca de imunossupressores devido a problemas com a segurança destes medicamentos, entre as quais as mais comuns foram: Diarreia causada pelo micofenolato, Nefrotoxicidade por Tacrolimo, citomegalovirus de difícil tratamento relacionado ao micofenolato e Toxicidade a Alvo da Rapamicina em Mamíferos. Não foram identificadas associações significativas entre a necessidade de mudança de imunossupressores por evento adverso com o perfil do paciente, do transplante, da função renal ou da dosagem atual de imunossupressor. Conclusão: Mesmo que os pacientes transplantados estejam sujeitos a diversas intercorrências relacionadas ou não a imunossupressão, não foram identificados fatores associados ao aparecimento das intercorrências que levaram a mudança de imunossupressão.