Grafite e patrimônio cultural: entrelaçamentos possíveis

Abstract

As políticas de patrimônio vigentes implicam na tipologia dos bens culturais que serão reconhecidos pelas instituições governamentais como patrimônio nacional, muitas vezes resultando em um descompasso com o patrimônio reconhecido socialmente, em especial as manifestações artísticas contemporâneas. Neste sentido, o trabalho busca problematizar e analisar caminhos que viabilizem o reconhecimento do grafite enquanto patrimônio cultural brasileiro, utilizando como caminho a possível contribuição do campo museológico neste contexto. A pesquisa é fundamentada em uma bibliografia que apresenta definições referenciais ao se analisar conceitos que definem os campos da Museologia e do patrimônio, influindo no estudo de um caso específico, o Museu de Favela no Rio de Janeiro. A partir das discussões desenvolvidas, compreende-se o reconhecimento do grafite como patrimônio cultural por parte de uma instituição museológica na medida em que o circuito de grafites constitui a exposição permanente do museu, implicando na aplicação de medidas de preservação do acervo. Neste contexto, ao considerar novas tipologias de acervo, que ultrapassam os limites tradicionais, permite-se o reconhecimento de novos patrimônios, provocando o alargamento do próprio conceito de patrimônio, resultando em uma nova narrativa do campo.