A "rodô" : uma análise de como os afetos e a territorialidade constroem espaços simbólicos da rodoviária do Plano Piloto de Brasília

Abstract

Este trabalho analisa e discute como afetos e territorialidades são capazes de construir espaços simbólicos da Rodoviária do Plano Piloto de Brasília. O ponto departida foi resgatar a imagem desse espaço que foi formulada no projeto urbanístico de Lucio Costa, comparando-a à sua ocupação atual. Para tal foi necessário compreender as dinâmicas afetivas encontradas na Rodoviária do Plano Piloto, bem como seus espaços de permanência, passagem e identidade, e a relação do encontrado entre o aparato modernista projetado por Lucio Costa e a rodoviária territorializada e vivida. A seguinte pergunta norteou a análise: “como a rodoviária do Plano Piloto conversa com as contradições e complexidades de Brasília?", o que guiou também o método de pesquisa. Em um primeiro momento, a partir de análise bibliográfica, que consistiu em revisão teórica, buscou-se entender o processo de estruturação da Rodoviária do Plano Piloto tendo como referência a expectativa de seu projeto e os modos de concretização do espaço. O método também consistiu na realização de entrevista e criação de uma ferramenta interativa para discutir como e de que forma os processos expropriativos, as dinâmicas afetivas e territorialidade construíram a paisagem da Rodoviária do Plano Piloto, em uma perspectiva que considerou a participação ativa dos usuários do espaço. Como principais resultados, identificou-se como muitas narrativas e afetos construídos sobre a Rodoviária do Plano Piloto são indissociáveis da qualidade do serviço ali prestado, destacando-se descrições e memórias negativas sobre o transporte público e manutenção do espaço. Apesar disso, percebe-se uma expectativa com relação ao potencial agregador e transformador do espaço, pois referências afetivas positivas também estavam presentes nas descrições dos usuários. Por fim, percebe-se como a complexidade da Rodoviária do Plano Piloto reflete a própria estruturação de Brasília como capital planejada, pois contradições e expectativas relativas a ambos os espaços compõem a construção simbólica da rodoviária.