A dimensão simbólica da moda na sociedade do desempenho

Abstract

Viver no mundo sob os excessos, em que tudo parece ser possível e infinito, declina-se ao vazio que se ausenta de memórias e unicidade. No mundo das múltiplas oportunidades e infinitas possibilidades, a autoexploração torna-se mais fácil quando você é induzido a acreditar ser livre, senhor e soberano de si mesmo. A moda que, aqui, penhora e sucumbe aos excessos de estímulos, informações e impulsos, tomou conta e faz parte de tudo, força e rompe com o tempo. Portanto, em uma busca por tornar-se, a moda, com o consumismo, induzem o indivíduo a acreditar poder se desfazer de suas identidades ao simples ato de ir às compras. A presente pesquisa se constitui em questionar o mundo da moda, a atual sociedade do desempenho e os excessos de positividade. Diferentemente do século passado, caracterizado por um cenário de doenças imunológicas, combatidas com antibióticos, na sociedade do desempenho a doença permeada é a do adoecimento neuronal, alimentada pelos excessos de positividade que erradica qualquer alteridade no mundo. Isso significa que a sociedade vive uma época pobre de negatividades. Contraposta durante a pesquisa, a sociedade do desempenho, contesta o que nos torna humanos e o sentimento de insuficiência, coadjuvado pela ausência de alteridade no mundo e estimulado pela moda, promove o vazio e o não pertencimento, de modo que, sem o existir da alteridade, o consumo deixa de ser importante. É apagado de qualquer objeto de vestuário a possibilidade de ele vir a se tornar memória, parte de quem o porta, de modo que impossibilite o acontecimento do que aqui, nesta pesquisa, é chamado de “mágica da roupa”. A caminho do fim, da nossa aniquilação, aqui será esboçado o amanhã. Se é que ele é possível.