Nosso futuro comum : um olhar antropológico sobre o desenvolvimento sustentável

Abstract

Este trabalho é uma autoetnografia movida por incômodos que partiram da atuação com projetos de impacto social, ambiental e econômico para o Desenvolvimento Sustentável (DS). O objetivo deste foi lançar um olhar antropológico ao DS, tecendo uma discussão centrada em uma abordagem crítica ao tom evolucionista do desenvolvimento como progresso e à dicotomia natureza-cultura, explorando como essas ideias se inserem na agenda do DS, sendo tratados como universais à humanidade. A análise revela que o DS tem como questão estruturante e transversal o tempo, um tempo que está por vir em uma perspectiva linear, que é vendido com prazo de entrega para 2030, no qual seguimos um caminho repleto de placas de publicidades com selos de folhas verdes, que afirmam que nossas escolhas individuais e voluntárias salvarão o planeta, perpetuando modos de vida que são parte do problema ambiental. Ademais, as considerações finais do trabalho levam rumo à ancestralidade, que é anulada na perspectiva do DS, pois esta rompe com a noção linear de futuro, o que, pode-se supor, representa uma ameaça ao modelo vigente pautado em exploração da vida como recurso. A partir de experiências vividas em campo, pesquisas e leituras foi possível perceber que a antropologia pode contribuir para ampliar a compreensão do DS e das perspectivas de futuro, visto que, nos lembra que não há apenas um caminho e um futuro comum.