Racismo ambiental frente a era das mudanças climáticas : uma análise da percepção social no Brasil

Abstract

O presente trabalho tem como objetivo discutir o racismo ambiental no Brasil frente aos impactos gerados pelas mudanças climáticas. O atual cenário de aquecimento global tem conferido novos desafios à sociedade global. Os relatórios produzidos por diversas autoridades científicas confirmam a participação do ser humano nestes processos e alertam para a intensificação dos eventos climáticos nos próximos anos. Levando em consideração o contexto da gênese e amadurecimento da sociedade brasileira, entende-se que o ônus gerado pela degradação ambiental não é repartido igualitariamente entre os diferentes grupos sociais, isto é, essas externalidades negativas não são democraticamente distribuídas e sentidas de forma não individualizada. Os produtos destes eventos, como por exemplo, o aumento do nível do mar, precipitações pluviométricas, secas intensas, ondas de calor e aumento da temperatura global do nível do mar, não são distribuídas proporcionalmente, sendo as populações não-brancas, e historicamente exploradas, a lidarem de forma mais intensa com tais externalidades negativas. Dessa forma, a mudança climática se relaciona diretamente com o racismo ambiental, especialmente quando os efeitos dos eventos ambientais incidem de maneira desproporcional sobre a parcela da sociedade herdeira da desumanização da colonialidade. Na medida em que a crise climática ganha atinge novas proporções, incrementando tempestades, incêndios florestais e outros desastres cada vez mais frequentes e destrutivos, as disparidades que afetam as comunidades marginalizadas tendem a ser ainda mais atacadas. Assim, apresentase como objeto de estudo a análise do racismo ambiental agravado pela questão climática.