Do imaginário ao real: a pornografia como dispositivo de naturalização dos crimes de pedofilia e abuso sexual infantojuvenil

Abstract

Qual o limite entre o real e a ficção? Qual a influência da ficção sobre a realidade? O presente trabalho se debruça a destacar que, ao se tratar de pornografias, deve-se falar de uma indústria estruturada e com incontáveis produções que influenciam a naturalização de violências sexuais, dentre elas a do abuso sexual infantojuvenil, proveniente da externalização da pedofilia. Entre as mais diversas facetas que a indústria pornográfica possui, as relativizações emergem e se traduzem em reflexos do comportamento pedófilo através de sites de conteúdo adulto, com filmes que reproduzem uma violência simbólica, nos quais incentiva as relações de poder e práticas de crimes sexuais em filmes que tem como protagonistas atrizes e cenários que reproduzem menores de idades. A partir disso, busca-se definir e analisar o que é pornografia e sua relação com sexo e poder, apresentar quais as legislações protegem as crianças e adolescentes, de forma que também evidencie comportamentos que podem servir de alerta ao se tratar de um menor de idade sofrendo abusos sexuais e demonstrar que os sites não servem apenas como um instrumento para estimular o desejo - normalmente masculino -, mas como uma comunidade acolhedora ao fomentar a participação dos usuários na aba de comentários dos vídeos e também como um dispositivo de naturalização ao identificar produções remetem ao universo infantil. No que se refere à metodologia, o trabalho conta com análises bibliográficas, documentais e de dois sites de conteúdo adulto: o Xvídeos e o Pornhub, a preparação e o planejamento para análise dos dados nos sites, para melhor compreensão, foi realizada por meio de observação sistemática, através de acessos periódicos aos sites de conteúdo adulto. Como resultado, o trabalho considerou e classificou alguns aspectos vistos como graves, dentre eles: a pornografia como um mercado consolidado, portanto sem a possibilidade de um fim devido a sua relação de troca com os clientes-espectadores, a não comprovação da idade dos atores por parte das produtoras de filmes pornográficos e um exorbitante número de vídeos que tratam de relações de incesto.