Socioeducação e luta de classes: a dialética marxista no campo da socioeducação

Abstract

Partindo de uma rica experiência dialética no campo da ação prática, por meio do estágio supervisionado em Serviço Social na Unidade de Internação Provisória de São Sebastião – UIPSS, localizada no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, como requisito parcial de aprovação da disciplina de Estágio Supervisionado 1 e 2 do curso de Serviço Social na Universidade de Brasília, este estudo propõem uma profunda reflexão teórica, metodológica e conceitual, com as categorias que submergiram nas narrativas críticas construídas através dos relatos de vivência no campo de estágio. Revisa, ainda, a nossa história constitutiva determinante da conjuntura política, avalia os desafios que hegemonicamente imputam-se na realidade social do exercício profissional, no cotidiano institucional, bem como na formação do estudante de Serviço Social que escolhe as unidades de internação da socioeducação como possível campo de estágio. A partir daí este estudo desenha possíveis estratégias para a construção da hegemonia profissional nesse campo complexo e conflitivo, salvaguardando os estudantes que aderem ao campo das unidades de internação, para que não entrem em um processo próprio de mortificação. Numa abordagem marxista, a análise teórica tem caráter qualitativo e se constituí como elemento substancial de construção crítico-reflexiva neste estudo, que assume a ciência materialista histórica e dialético-crítica como aporte metodológico indispensável, para se pensar o fazer profissional do assistente social na socioeducação, questionando e enfrentando a sociabilidade burguesa. Evidentemente, além dos registros de campo, o estudo conta com uma pesquisa criteriosa e radical, avançando, dessa forma, na raiz da questão, e desvelando, portanto, os desafios trazidos pela totalidade histórica, pela correlação de forças e pelos embates ideológicos e políticos inerentes ao campo, em níveis graduais de abstração, a partir de fontes secundárias da produção científica do Serviço Social. A dialética relacional entre socioeducação e a sociedade em sua totalidade, marcam, ainda, a dimensão técnico-operativa dos profissionais do Serviço Social e, por consequência, a consolidação da proposta socioeducativa em sui generis. Na necessidade de alinhar as dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa do Serviço Social, em consonância com a dimensão política da profissão, frente à uma crescente onda neoconservadora, que tem, equivocadamente, questionado à corrente hegemônica marxista do Serviço Social nos processos de trabalho no campo da socioeducação, faço do movimento prático-teórico-prático um ensaio conclusivo de direcionamentos possíveis no campo em questão, com vistas à sua efetivação somente por meio da luta de classes, superando o modo de produção capitalista. A partir do golpe de Estado de 2016 e das recorrentes contrarreformas que assolam a classe trabalhadora, tem surgido um obscurantismo que aporta em uma crescente ignorância de tendências nazifascistas, em nossa sociedade, tão amargurada na capitalização da realidade social e reificada pela hegemonia da sociabilidade burguesa e pela sua respectiva moralidade. Atento à essas contradições que geram impactos irreversíveis no processo de formação acadêmica e nos profissionais, este estudo levanta um debate rigorosamente científico, acerca das unidades de internação, como campos de estágio possíveis de transformações objetivas e no resgate histórico da socioeducação para uma compreensão e construção de uma consciência crítica proletária que se atreva à subversão da ordem vigente capitalista.