Estudo das práticas de prescrição de antibióticos pelos clínicos veterinários de animais de companhia do Distrito Federal

Abstract

A resistência antimicrobiana é um problema complexo que resulta do uso inadequado de agentes antimicrobianos. Os animais de companhia podem se tornar fontes de difusão de microrganismos multirresistentes ao ser humano, devido ao contato próximo. Portanto, é de extrema importância práticas de uso adequado desses medicamentos pelos profissionais veterinários ao tratar doenças infecciosas em cães. Este estudo descreve as práticas de prescrição de antibióticos pelos clínicos veterinários de animais de companhia do DF ao tratar três afecções comuns na rotina veterinária: piodermite bacteriana, infecção do trato urinário (ITU) e gastroenterite hemorrágica viral (GHV) em cães. Para isso, foi elaborado um questionário para que os veterinários respondessem on line. Os veterinários que iniciam a terapia empírica enquanto esperam pelo resultado da cultura bacteriana e antibiograma nos casos de piodermite e ITU foram: piodermite bacteriana (40%), ITU (33%). Os que iniciam a terapia empírica e não realizam cultura e antibiograma da lesão foram: piodermite bacteriana (12%), ITU (23%). Em casos de piodermite bacteriana, menos da metade (43%) referiu prescrever o tratamento tópico, sendo este o indicado para casos de piodermite bacteriana superficial, e associado a antibioticoterapia sistêmica, em casos de piodermite profunda. Uma parte considerável dos veterinários referiu se basear em sua experiência anterior com o fármaco como critério para a escolha da medicação: piodermite bacteriana (38%), GHV (49%), ITU (49%). Além disso, as fluoroquinolonas estão entre os fármacos mais mencionados como primeira escolha de tratamento da GHV e ITU: GHV (23%), ITU (52%), mesmo que a indicação da literatura seja reservar o uso dessa classe de antibióticos para quando há determinação de sensibilidade pelo antibiograma. Esses fatos indicam que algumas práticas de prescrição de antibiótico não estão de acordo com as diretrizes da literatura, mesmo que a maioria refere se basear nela para a escolha do antibiótico. Portanto, há a necessidade dos veterinários do DF adequarem a escolha do antibiótico empírico de primeira linha às indicações das diretrizes atuais para as infecções, sobretudo na GHV e ITU, e utilizar os antibióticos de segunda linha apenas com indicação de testes de suscetibilidade.