Mulheres negras no graffiti: um diálogo com o pensamento feminista negro

Abstract

Diante da relação histórica que a mulher negra estabeleceu com o espaço urbano, este trabalho tem o objetivo de compreender de que formas as grafiteiras negras se relacionam com o graffiti. O graffiti é um movimento contestatório por natureza. No entanto, reproduz em seu interior algumas opressões, sobretudo o sexismo. Dessa forma, parto do meu ponto de vista enquanto mulher negra grafiteira para analisar a participação de mulheres negras no graffiti desde a sua gênese, dando ênfase para o apagamento dessas mulheres pela narrativa hegemônica sobre o movimento. Contextualizo o graffiti historicamente, suas vertentes e transformações, dando ênfase para a participação de mulheres negras nestes processos. Para compreender de que forma as mulheres negras se relacionam com o grafitti no Brasil, realizei entrevista com cinco mulheres de diferentes regiões do país e estabeleci um diálogo entre suas falas e os principais temas do pensamento feminista negro. Dessa forma, apresento as trajetórias dessas mulheres e as principais questões que emergiram na entrevista, a saber, o graffiti como uma ferramenta para quebra dos silêncios e a questão da representação da imagem da mulher negra. A primeira questão dialoga com debates empreendidos por intelectuais negras como a Djamila Ribeiro e a segunda dialoga com as Imagens de Controle apresentadas por Patrícia Hill Collins e os estereótipos apontados por Lélia Gonzales.