A percepção de hipertensos e diabéticos sobre o autocuidado apoiado no contexto da atenção primária à saúde

Abstract

Objetivo: Avaliar a percepção dos hipertensos e diabéticos sobre a vivência do autocuidado apoiado no contexto da atenção primária à saúde. Método: Estudo qualitativo exploratório realizado com 34 usuários com hipertensão e diabetes que vivenciaram a implementação do autocuidado apoiado a partir de consultas individualizadas e reuniões grupais em uma Unidade Básica de Saúde do Distrito Federal, durante doze meses. Para a coleta de dados foi realizada entrevistas semi-estruturadas, com perguntas direcionadas. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra. A análise foi realizada por meio do uso do software ALCESTE, na versão 2018. O software processa a análise dos discursos dos participantes pela função da semelhança e da não semelhança estatísticas dos vocábulos que por eles forem produzidos; Gera a Classificação hierárquica descendente (CHD) que se dá pela contagem das palavras no texto, agrupamento de raízes semânticas e estabelecimento de classes lexicais em função da ocorrência e não ocorrência das palavras e da sua função textual. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências da Saúde (FS/UnB) Resultados: O corpus do estudo ao ser analisado mostrou 76% de aproveitamento, com 4.284 formas distintas ou palavras analisáveis, 90 Unidades de Contexto Elementares selecionadas, das quais emergiram três classes que se correlacionaram semanticamente evidenciando a linha de raciocínio do discurso, sendo elas: 1) Indícios de rompimento da atenção médico-centrada e reconhecimento dos benefícios da atenção centrada na pessoa; 2) A valorização da aplicabilidade do plano do autocuidado e 3) Os comportamentos mais evidenciados para o autogerenciamento do cuidado. Conclusão: A valorização e empoderamento das pessoas no processo do cuidar resultou em diferentes benefícios, como: adesão aos comportamentos fundamentais para controle da saúde, melhora da autoestima e da qualidade de vida. Nesse sentido, conclui-se como promissor investir em metodologias que incentivem a autogestão do cuidado para o controle das condições crônicas no contexto da atenção primária à saúde.