Resumo: | Esta pesquisa surge de inquietações decorrentes dos anos em que atuei como mediador cultural (2014-2016) em museus e centros culturais de Brasília. Inquietações derivadas de questões relativas às estruturas desses institutos culturais: como funcionavam, como se mantinham, quais as diretrizes em conta para as ações dos setores educativos e do mediador, como esses lugares se formaram e em torno de que orbitavam os seus
discursos e ações. Visto que, na minha posição como mediador, percebia a ineficiência dos protocolos que tinha que seguir relativos a tentativa de aproximar os públicos com as obras de arte. Pois estes dois polos se encontravam muito distantes e tinham poucas semelhanças culturais entre si: os públicos populares e as obras de arte legitimadas. Era nebulosa para mim, a própria definição do que viria a ser um mediador, assim como
as suas reais atribuições, já que por vezes, essas mudavam ao sabor de cada setor educativo que eu trabalhava e eram coordenadas em muitas situações, por pessoas que declaradamente não tinham qualquer relação com as áreas de conhecimento necessárias para a execução do que o trabalho se propunha, como a própria arte, a educação ou nem mesmo com as ciências humanas. Muitas vezes o próprio termo “mediador” me parecia apenas um artifício retórico, pois não havia clareza nas competências inerentes a essa posição. Me inquietava estas, dentre outras questões. De modo que, me interessava a ideia de como eu, sendo um estudante/ profissional da área de artes visuais, poderia intervir com vistas a melhorar aquele trabalho, a partir dessa posição de mediador que me era dada. Desta forma, esta pesquisa toma como perspectiva os conceitos de Michel de Certeau (1998) de lugar e espaço para, sob esse prisma, analisar os fragmentos levantados na
investigação sobre o surgimento histórico dos setores educativos nos museus e principalmente da figura do mediador cultural, assim como os determinantes políticos e culturais que constituíram os lugares que ocupam e as práticas que lhes são delegadas. Visando com esse levantamento, problematizar esses lugares e a influência que exercem sobre o público e a sociedade como um todo, em relação aos bens culturais e às
narrativas que daí se constroem. Por fim, a partir da pesquisa realizada, faço uma análise dessa atuação que tive como mediador em Brasília, propondo maneiras alternativas de intervenção que visem equalizar os problemas históricos – com implicações culturais e políticas – que a pesquisa abordou. |