Febre, icterícia e hepatite nem sempre correspondem a infecção

Abstract

Introdução: As síndromes febris agudas associadas a icterícia e a hemorragia são um desafio diagnóstico. A etiologia é variada, sendo as hepatites virais, leptospirose, febre amarela e malária as principais causas infeciosas. A hepatite alcoólica aguda (HAA) é uma situação prevalente, de elevada mortalidade não infecciosa que faz parte do diagnóstico diferencial. Relato de caso: Descrevemos um caso de uma jovem de 32 anos que evoluiu com grave comprometimento hepático, febre e icterícia e que apesar do resultado sorológico positivo pelo método ELISA para leptospirose, teve como diagnóstico HAA. Trata-se de paciente etilista há mais de duas décadas, após libação alcoólica evoluiu com quadro de dor abdominal, calafrios, icterícia e encefalopatia grau IV. Realizado tratamento empírico com prednisolona 40 mg/dia (Maddrey >32) com resposta no sétimo dia (Lille < 0.45). Apesar da resposta inicial, houve nova piora com grave coagulopatia e choque hipovolêmico por sangramento intrabdominal. A autópsia revelou necrose hepática aguda por provável HAA e o Teste de Aglutinação Microscópica (MAT) veio negativo, descartando assim leptospirose. Conclusão: Este presente relato é importante pois deve-se sempre lembrar que a tríade de icterícia, hepatite e febre tem como diagnóstico diferencial doenças não infecciosas, assim como a hepatite alcoólica e a hepatite medicamentosa fulminante.