Incidência de hipotensão arterial em indução de anestesia geral com propofol em infusão alvo-controlada e em bolus em adultos jovens e cirurgias não-cardíacas : ensaio clínico randomizado

Abstract

O modo de administração do propofol na indução da anestesia geral interfere na incidência de hipotensão arterial, mas não há ensaios clínicos randomizados comparando a indução em bolus com a infusão alvo-controlada em relação à hipotensão arterial. O objetivo primário desse estudo é comparar a incidência de hipotensão arterial sob essas duas formas de administração do propofol. Estudo prospectivo, randomizado, unicêntrico, não-encoberto, que incluiu 60 pacientes de 35 a 55 anos, submetidos a cirurgias não cardíacas, EF I/II (ASA). Foram randomizados por computador em dois grupos de acordo com modo de indução com propofol: Grupo Alvo - infusão alvo-controlada a 4 mcg.ml-1, Grupo Bolus - infusão em bolus de 2 mg.kg-1, ambos associados a midazolam 2mg, fentanil 3mcg.kg-1 e rocurônio 0,6mg.kg-1. A cada 2 minutos foram registrados: pressão arterial média (PAM), frequência cardíaca (FC), nível de consciência (qCON) e taxa de supressão (TS) durante os 10 primeiros minutos da indução anestésica. Considerou-se como hipotensão arterial uma PAM 20% menor que a PAM basal. Análise estatística com testes T de Student e Mann-Whitney. Foram analisados os dados de 27 pacientes no Grupo Alvo e 28 no Grupo Bolus, com um tamanho de efeito estimado em 0,82 e poder de 80%. Houve diferença na incidência de hipotensão arterial (Alvo: 14,8%; Bolus: 39,2%; p=0,042), na variação do qCON (p=0,001) e na amplitude da TS (p=0,0002). A maior incidência de hipotensão arterial no grupo que recebeu o propofol em bolus confirma a hipótese de que a infusão alvo-controlada garante maior estabilidade hemodinâmica durante indução anestésica quando comparada à infusão em bolus.