A cultura alimentar do cerrado brasiliense : como o uso dos ingredientes regionais pode constituir uma resistência cultural

Abstract

Partindo dos conceitos de soberania alimentar, direito humano à alimentação adequada e segurança alimentar e nutricional, este trabalho estabelece um diálogo entre alimentação como direito e comida como cultura. O objetivo da pesquisa é sinalizar para a possibilidade de resistência cultural no âmbito alimentar. Assim, a partir do recorte espacial do Distrito Federal, investigou-se a utilização (e/ou falta) dos ingredientes nativos do Cerrado e do próprio ato alimentar alinhado à prática cultural brasiliense como recursos de resistência, uma vez que a comensalidade é uma expressão de direito social e luta identitária. Para a consecução do objetivo proposto, utilizou-se o materialismo histórico dialético marxista como enfoque metodológico e referencial teórico composto por pesquisadores como Jean Louis Flandrin, Massimo Montanari, Maria Eunice Maciel, Rodrigo Contreras, entre outros. Desse modo, a partir da pesquisa bibliográfica, o trabalho resultou na ampliação e disseminação dos estudos sobre gastronomia como fator político e cultural, bem como no mapeamento de alguns movimentos que buscam fortalecer a cozinha histórica e valorizar os alimentos regionais e as pessoas envolvidas no processo, configurando assim uma oposição à lógica mercadológica predominante.